segunda-feira, 25 de julho de 2011

SÉRIE MEIOS DE GUERRA: TIE FIGHTER

O TIE/In Starfighter
Por Darth Metrius

Desde minha infância, quando assisti Star Wars pela primeira vez, uma das imagens e silhuetas que mais me fascinam é a visão de um caça TIE em ação, com os seus sons característicos dos motores e dos canhões lasers, que se tornou um ícone do poder do Império Galáctico. Se observarmos bem, quase todos os fãs, mesmo aqueles que adoram a Millennium Falcon, ou o X-Wing, parecem ter um affair pelo versátil caça imperial. Eu sou suspeito, pois sou admirador declarado do TIE Fighter, fato este que vocês, meus caros leitores, poderão notar ao longo do artigo.


A Arma:
Concebido e fabricado graças à tecnologia do motor de íons duplo, o TIE Fighter é veloz, altamente manobrável e mortífero. Sua desvantagem é a falta de um escudo defletor e de sistemas de suporte a vida, o que torna a nave vulnerável. Pilotar um caça TIE em combate é uma missão suicida.
Este caça imperial, conhecido também como TIE/In Starfighter, TIE/Line, TIE Padrão, ou apenas TIE, serviu de base, para os projetos posteriores da Série TIE, construidos pela Sienar Fleet Systems, como os TIE/sa Bombardeiros, TIE/In Interceptor, o TIE/D Defender e uma versão dróide. Deste modo, o TIE sempre foi um caça de referência do Império Galáctico, sendo produzido aos milhares por ano. O Império recorreu a este caça a maior parte do período da Guerra Civil Galáctica, por razões muito obvias: baixo custo, alta manobrabilidade, velocidade e ferocidade - nas mão de um grande piloto, o TIE era imbatível.
Os TIEs eram extremamente velozes devida a uma tecnologia surpreendente, os seus motores iônicos duplos. Aliado a esta tecnologia, o projeto do TIE o concebeu para ser leve, dispensando hiperpropulsor, escudos defletores, e sistema de suporte de vida, pois tais sistemas fariam o caça mais pesado e com isso diminuiria o seu desempenho. A idéia era produzir um caça que pudesse ser veloz, mortal e que atuaria com o fator numérico ao seu lado. O Império contava com milhares deles. Era um verdadeiro inchame de TIEs.
Mas se levarmos em conta que muitos sistemas foram retirados para garantir o peso leve do aparelho, as desvantagens estavam, entre elas, a falta de uma blindagem extra. Assim sendo, o TIE era vulnerável ao fogo inimigo. Para conpensar isso, o desenho da nave, que contava com uma pequena cabine redonda (que mais parecia um olho), e asas na forma de painéis solares verticais, um em cada lado da cabine, faziam dele um alvo difícil de acertar.
Outra desvantagem é a autonomia, que era muito pequena. Como não possuia um hiperpropulsor, seu raio de ação era curto, e dependia de uma base de operações próxima, um Star Destroyer ou uma Estação Espacial, por exemplo. Mas se a falta de um hiperpropulsor era um problema, o combustível já não o era. Os seus painéis solares captavam a radiação estelar, transformando-a em energia, que era conduzida aos geradores de potência. Ou seja, o TIE tinha combustível ilimitado.
Desta forma, a estratégia básica do Império, para garantir a superioridade espacial, era a vantagem numérica. Os imperiais tinham um lema: "Quando um TIE é derrubado, outros mil vem substituí-lo" (Barão Soontir Fel). O resultado? Sucesso total do caça dentro das Forças Armadas Imperiais. E com este sucesso garantido, a Sienar Fleet Systems desenvolveu variantes mais especializadas.
O TIE em visão transversal
Os motores de íons do TIE, são o que há de melhor na galáxia. Seu custo de manutenção é barato e não possui partes móveis, o que dificultava o surgimento de avarias e desgastes. Com a falta de um sistema de suporte de vida, os pilotos imperiais dispunham de um macacão de voo totalmente selado, superior ao dos pilotos rebeldes. O caça TIE também possuia um assento ejetor, o que permitia ao piloto sobreviver tempo suficiente para ser resgatado, porém isso era um evento raro. Na verdade, os pilotos imperiais eram treinados para morrer pelo Império. Outra curiosidade sobre o caça TIE é que os pilotos rebeldes o apelidaram de "Olho".
O "Olho" possuía uma largura de 6,4 metros, de uma extremidade da asa a outra. A sua aceleração máxima era de 4.100 G, com uma velocidade máxima (em atmosfera) de 1.200 km/h. Para garantir estes desempenhos, o TIE contava com dois motores SFS P-s4 (Twin Ion Engines, daí o nome TIE), ou dois jatos de íons SFS P-w401. Os motores contavam com dois reatores de ionização solar, SFS I-a2b, e reatores independentes para o sistema de armas. A fuselagem é composto de uma liga leve de titânio. Seu sistema de armas se resumia a dois canhões lasers, SFS L-s1, supridos de energia independente dos motores. Um tiro direto destas armas, era suficiente para avariar seriamente uma nave inimiga, ou até explodi-la completamente, dependendo do seu tamanho. Fora os canhões lasers, o TIE não tinha outras armas, embora pudessem ser instaladas sem dificuldades. Normalmente, o TIE conta apenas com um piloto, mas algumas unidades capturadas pelos rebeldes, sofreram modificações que permitiam um dróide mecânico ser acoplado. Sua capacidade de carga era de apenas 65 quilos, e o seus sistema de comunicação também emitia um sinal de alerta para a Frota Imperial, que localizava o caça e chegava para ações de emergência. O TIE era uma caça formidável, destinado a superioridade espacial e para multiplos propósitos.
Introduzido em 19 BBY, logo após o fim das Guerras Clônicas, o modelo passou por melhorias e atualizações, que o tornaram superior ao X-Wing rebelde, nos quesitos, armamento e motores. Porém, um substituto já estava a caminho, e sua introdução se deu próximo a época da Batalha de Endor; se tratava do TIE Interceptor, que serviu de resposta ao X-Wing.
Todavia, com a fragmentação imperial, o TIE Interceptor não pode ter tempo de substituir todas os esquadrões de caça imperiais, e muitas fábricas e unidades caíram nas mãos da Nova República, ou nas mão de governadores imperiais que se isolaram do poder central. Durante a Nova República, o TIE/In foi utilizado com limitações, e recebeu modificações, como escudos refletores e hiperpropulsor. Já o Remanescente do Império (Imperial Remnant), teve que contar com novos modelos de caças, já que as fábricas da Sienar Fleet Systems não estavam em seu território, como os caças classe Preybird, da Corporação SoroSuub.

Paralelos:
Messerschmitt Bf-109G, com camuflagem para voo no deserto
Pousando em nosso planeta Terra, durante a história, podemos notar uma aeronave com semelhança quase que imediata. Ao pensarmos em um caça TIE, um paralelo fenomenal foi um dos mais famosos e notáveis caças da Segunda Guerra Mundial, o matador de implacável e foi pilotados pelos maiores ases alemães, o Messerschmitt Bf-109.
O Bf-109 foi desenvolvido em 1934, atendendo a uma demanda da Luftwaffe, que queria um caça moderno, para ser produzido em segredo, já que a Alemanha estava proibida de possuir uma força aérea, desde o fim da Primeira Guerra Mundial, segundo o Tratado de Versalhes. O diretor do projeto, Willy Messerschmitt, construiu o protótipo na fábrica bávara, Bayerischen Flugzeugwerken - razão pela qual o avião possuía a sigla Bf. Assim como o TIE Fighter do Império Galáctico, o Bf-109 foi construído aos milhares, quase 34.000 unidades ao todo, sendo o caça mais produzido da guerra. Seu primeiro voo foi em 1935, e seu batismo de fogo se deu na Guerra Civil Espanhola (1936 - 1939), lutando ao lado dos Nacionalistas de Francisco Franco. Até 1937, todas as unidades de caças foram equipadas com este aparelho, e muitas delas mantiveram o modelo até o fim da guerra, sob constantes melhorias.
Seu criador, Willy Messerschmitt, deixou a empresa para qual trabalhava na produção dos Bf-109, e fundou a sua própria empresa, a Messerschmitt AG. Com isso, todos os modelos fabricados, partindo da versão "F", receberam a sigla Me (Me-109, Me-262, etc...), mas esta não pegou, ainda ficando conhecido como Bf-109. Muitas outras forças aéreas utilizaram o avião e, ironicamente, a Força Aérea Israelense também se utilizou do Bf-109 como meio de guerra, em uma versão tcheca, o Avia S-199.
O Bf-109, além de caça, também operou em missões de caça-bombardeiro, caça noturno e aeronave de reconhecimento. A semelhança do TIE Fighter, revelou-se um excelente caça multifuncional. Foi bem sucedido e admirado, recebendo respeito por parte dos pilotos aliados. Nele, o "As" Erich Hartmann, o Demônio Negro da Ucrânia, contabilizou 352 vitórias. Mas o Bf-109 também foi alvo de muitas críticas.
No Império Galáctico, os cadetes recebiam um treinamento espartano, do qual nem mesmo se queixavam do exíguo espaço dentro da cabine do TIE Fighter. Mas, ao contrário disso, os pilotos alemães reclamavam de seu cockpit era apertado demais. Para muitos chegava a ser claustrofóbico voar, mas alguns pilotos diziam que isso era uma vantagem, pois o sentimento que lhes vinha era o que sair dali logo, e para isso, era necessário cumprir as missões, matando inimigos.
Outro problema comum entre os dois aparelhos era o pouso. O TIE não tinha trens de pouso, tendo que se atracar a cabides nos hangares, o que nem sempre permitia uma aproximação segura e engate, ocorrendo acidentes. O Bf-109 também tinha problemas com o pouso, por causa dos seus trens que eram muito juntos, e os acidentes na decolagem e no pouso eram relativamente frequentes. Mesmo assim, o Bf-109 era a espinha dorsal da Luftwaffe.
Outra limitação do Bf-109 era a sua autonomia e raio de ação, percebidos durante a Batalha da Inglaterra (1940). Apesar do modelo "G" ter alcançado a surpreendente velocidade de 621 km/h, seu alcance era de apenas 660 km (no modelo "E"). O modelo "F", tentou resolver isso acrescentando um tanque descartável, que ficava acoplado na linha central do avião, mas mesmo assim, só garantia o alcance de 880 km. O modelo "G" apostou em um tanque de combustível maior e ganhou um alcance de 1.000 km, mas sacrificou a manobrabilidade. O modelo "K" foi o mais veloz (727km/h), mas teve um alcance inferior a 600 km. Ou seja, eram rápidos como os TIE, eram manobráveis, mas careciam de bases próximas e não podiam voar longas distâncias.
O Bf-109 G6 possuía um motor V-12 invertido, Daimler-Benz DB 605M de 1474 HPs. Estava armado com um canhão de tiro frontal MG 151, de 20 ou 30 milímetros, mais duas metralhadoras de tiro frontal, MG 131, de 13 mm, na parte superior da fuselagem dianteira, e ainda poderia levar uma carga exterior de bomba (250 kg).
Voltando ao quesito manobrabilidade, o Bf-109 era um um bom caça. Todavia, como não podemos acertar todas as comparações com o TIE Fighter, principalmente pelo fato de que, este, era senhor neste item por ter sacrificado blindagem e outros sistemas, o Bf-109 não havia dispensado tais recursos. Um exemplo desta manobrabilidade, adquirida às custas da blindagem, encontra-se no caça japonês A6M Reisen, mais conhecido como "Zero". Ele se diferencia em muitos aspectos ao TIE e mesmo ao BF-109, mas na questão manobrabilidade, ele foi impressionante e pelas mesmas razões do TIE: sua blingadem foi reduzida ao mínimo, deixando caça bastante veloz, mas vulnerável.
Mitsubishi A6M2 Zero
O Mitsubishi A6M Zero, contava com um motor radial Nakajima Sakae de 950 hps, atingindo uma velocidade máxima de 533 km/h mas nunca excedendo os 660 km/h, velocidade que poderia atingir em uma descida. Devido ao baixo peso do aparelho, um motor mais potente não poderia ser utilizado para garantir mais velocidade, pois a estrutura não suportaria e haveria desintegração. Também estava armado com duas metralhadoras de 7.7mm montadas na fuzelagem dianteira, acima do motor, e dois canhões de 20mm Tipo 99, montados nas asas. Ainda havia, também, cabides para duas cargas de bombas de 60kg, ou uma carga de 250kg. Sendo assim, o A6M era um caça, primordialmente, mas também poderia funcionar como caça-bombardeiro.
Durante toda a Guerra no Pacífico, o "Zero" foi o principal caça da Marinha Imperial Japonesa, ganhando uma reputação notável, mas que a partir de 1943, passou a ser superado pelos caças aliados. Os pilotos Hiroyoshi Nishizawa e Saburo Sakai fizeram seus nomes nesta aeronave. Sua fraqueza, a blindagem, era seu maior defeito. Para garantir uma capacidade de manobra incrível, a cabine do piloto e os tanques de combustível eram desprovidos de proteção extra, o que fazia com que rajadas inimigas matassem o piloto de imediato, ou, se atingissem os tanques, explodiam o avião no ar.
O "Zero" era insuperável no combate individual, o "dogfighter", porém os aliados desenvolveram técnicas de combate em grupo, que neutralizavam o poderio do "Zero". Ao passar dos anos, sobretudo após 1943, os A6M Zero passaram a se tornar inferiores, necessitando de um substituto melhor, que já existia, mas devido a políticas, não foi introduzido a tempo de substituir todos os esquadrões da marinha. O "Zero" tem sua fama pelo ataque japonês a base naval americana de Pearl Harbor, em 1940, e pela ação dos pilotos kamikazes. Estima-se que o "Zero" tenha abatido mais de 1500 aviões americanos. Pode-se afirmar que, o TIE Fighter do Império, é a junção do que há de melhor no caça alemão Bf-109 e no caça japonês A6M "Zero", resultando na melhor comparação que se pode fazer com o temível TIE.
Entretanto, nem só de clássicos o TIE Fighter é alvo de comparações. Se pensarmos em caças velozes, altamente manobráveis e com grande poder de fogo, o que nos vem a mente, em termos de caças modernos e com motor a jato, supersônicos, é o F-15 Eagle. Todavia esta aeronave já foi objeto de paralelos em artigos anteriores. Mantendo a linha, vilões históricos, se tomarmos por princípio que os caças da OTAN são os mocinhos da Aliança Rebelde, temos um equivalente muito interessante: o Sukhoi Su-27 Flanker.
Sukhoi Su-27
Atendendo a uma demanda soviética de um caça que se equiparasse ao F-15 Eagle americano, vários projetos foram desenvolvidos e entraram em serviço, entre eles o Mig-29 e o Su-27. O Mig-29, contudo, apresentou uma série de desvantagens, sendo considerado, por muitos analistas, inferior ao F-16, razão pela qual ele logo foi sendo substituido por versões melhores, como o Mig-29M "Fulcrum-E", e o próprio Su-27.
Atendendo todas as especificações necessárias, o Su-27 foi concebido como um caça puro, como os TIE Fighters. E suas variantes especializadas posteriores só confirmam o seu sucesso. Apesar de ser um caça pesado, maior que o Mig-29, embora tenha um desenho semelhante, ele é leve, pois seu projeto se beneficia de tecnologia russa no uso do titânio (30% a mais que outros caças), tal qual os caças TIE.
Outra semelhança notável com o TIE é a sua velocidade. Com motores grandes e com capacidade de garantir um fluxo enorme e constante de ar, o Su-27 pode atingir a velocidade supersônica Mach 2.35 (2.500km/h em alta altitude), fazendo frente ao F-15 - notadamente uma semelhança com o TIE Fighter, que usa da radiação espacial para potencializar seus motores de íons. O Su-27 ganha economia de combustível com a utilização deste fluxo de ar abundante que entra em seus motores. Outra equivalência é a alta capacidade de manobra, permitindo ao Su-27 ter uma agilidade considerável, em meio a altas velocidades.
Virtualmente sem fragilidades significativas, o Su-27 é uma melhor comparação, embora nem todos os quesitos de avaliação do TIE Fighter possam ser observados. Mas há uma desvantagem no Su-27 em relação ao F-15: guardadas as devidas proporções, o Su-27 tem uma autonomia de voo menor que o seu equivalente americano, embora possa receber tanques extras para compensar o problema. Quanto a blindagem, o Su-27 é bem equipado, já que o extencivo uso do titânio garante a leveza do aparelho e proteção significativa, diferenciando-se assim do seu colega espacial.
O Su-27, dependendo da variante, pode ter de um a dois tripulantes, está equipado com dois motores turbofans Saturn/Lyulka AL 31-F, com pós-combustores. Está armado com um canhão de 30mm GSh-30-1 com 150 giros, capacidade para 8.000kg de bombas em cabides externos, e mais 6 mísseis ar-ar de médio alcance, e dois mísseis ar-ar de curto alcance com sensores de calor. Seus testes se deram no final da década de 70 e sua introdução em serviço se deu em 1984, atendendo as expectativas da Força Aérea Soviética, como caça de superioridade aérea.
Se o TIE Fighter, segundo alguns críticos fanáticos pela Aliança Rebelde, era um caça cheio de problemas e inferior ao X-Wing, ao analisarmos os pontos fortes e fracos, levando em conta as habilidades de seus pilotos, chegamos a conclusão de que isso não é uma verdade absoluta. As debilidades do TIE Fighter não eram problemas ignorados na fase de projeto, pelo contrário, eram propositais, tendo em vista o seu propósito e conceito. Deste ponto de vista, o caça TIE é superior, e se compararmos com os seus semelhantes terráqueos, os melhores caças da história, tinham problemas para serem resolvidos que, no entanto, não fizeram deles aviões inferiores. Pelo contrário, ganharam o repeito de seus inimigos e foram carrascos de muitos pilotos aliados na II Guerra Mundial, bem como em conflitos recentes.
O TIE/In Starfighter, símbolo do Império e orgulho da Frota Imperial e desejo dos cadetes da Academia, foi sem dúvida um dos melhores caças da Galáxia Star Wars, se não o melhor.

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