domingo, 23 de maio de 2010

QUANDO A INDIVIDUALIDADE SE TORNA UMA DESCULPA PARA PECAR

Por Demetrius Farias
De fato a Igreja é uma sensacional invenção de Deus, fundada e edificada por Jesus Cristo, Nosso Senhor. E um das coisas que mais me impressiona nesta Igreja é a capacidade que ela tem de nos ensinar que "Não é bom que o homem esteja só." (Gn. 2: 18)
Uma outra coisa que ela me faz lembrar, quando olho para as pessoas que vivem dentro da dela, é a sua semelhança com as abelhas, cupins, e as formigas. Mesmo sendo animais irracionais, estas criaturinhas não dão uma grande lição sobre o que é viver em comunidade, e a Igreja, mal comparando, reproduz quase que fielmente esta realidade do Reino Animal.
Mas antes que eu possa continuar falando da relação entre a igreja e as fazedoras de mel, vou justificar o título com um outro extremo, daquilo que não é e nunca foi a Igreja.


Nunca se falou tanto em direitos individuais, em vários círculos da sociedade, como se tem falado ultimamente. Se defende o individualismo e a noção do indivíduo quando se quer criticar o Estado, quando este deseja intervir no particular (não que eu ache que o estado tenha este direito de fato), quando se quer questionar instituições sociais, quando se quer criticar os comunistas, quando se desafia a autoridade familiar (entenda-se pai e mãe), quando se deseja que ninguém saiba de sua vida pessoal, ou quando se tem algo a esconder.
Infelizmente na Igreja, esta base filosófica da Pós-Modernidade e do Movimento Nova Era, o Individualismo, também tem se manifestado e com bastante força. Alguns (graças ao bom Deus, ainda não são muitos) tem tentado levantar esta bandeira dentro do Corpo de Cristo como algo inerente ao Evangelho e ao próprio conceito de Igreja. 
Muitos são os argumentos:
1. Deus nos vê como indivíduos;
2. Cada um tem seu significado e valor;
3. Deus prima pela individualidade;
4. Somos todos exclusivos no mundo, e temos características que nos tornam diferentes uns dos outros.
Tais afirmações são verdadeira em sua essência. De fato, Deus nos criou assim. Contudo, esta condição de existência dos seres humanos não nos torna seres que se constituem em si mesmos, não nos resume, ou nos define. É igualmente verdade que o ser humano é um ser gregário, que vive em comunidade, que partilha de sua individualidade com outros e que necessita de outros semelhantes por perto, para ele possa construir a sua realidade, interpretá-la e dar-lhe significado. É fato científico que se alguém passa a viver sozinho, literalmente, em pouco tempo esta pessoa desenvolve algum tipo de psicopatologia que, por incrível que pareça, é revertida se este volta ao convívio social.
Sendo assim, Deus nos criou de forma a sermos individuais, distintos, singulares, mas com a capacidade de tomarmos nossas íris, impressões digitais, DNA, personalidades, gostos, e caracteres em um único elemento, somando com os de outros, e assim criar o que conhecemos por SOCIEDADE.
Não são poucas, por exemplo, em psicologia, as teorias que dão conta da formação do ser humano como parte de um todo integrado, de uma sociedade, de uma construção de personalidade e caráter que se forma na vida comunitária e nas relações sociais, por meio de suas muitas formas de manifestação e interação.
Então, por si só, o próprio Ser Humano, em sua definição e intenção divina, contraria toda e qualquer perspectiva do Individualismo, e dos chamados direitos individuais.
Mas infelizmente, a atual geração tem caído nesta falácia pós-moderna da individualidade, tendo sua definição positiva de, "as partes constituintes que formam o indivíduo, sua personalidade e elementos que o distingue dos demais", sendo mudada e confundida por: Existência individual sem outrem, egocentrismo, onde o indivíduo se constitui no mais essencial e de maior valor, onde tudo deve existir e servir em função.
Em si mesma, esta perspectiva se constitui tão perversamente humana, que ela é a matéria prima para a construção de outros conceitos e valores que hoje minam a instituição da família, da sociedade como a conhecemos e da própria Igreja. É esta noção que dá poder ao Estado, por exemplo, quando este serve aos interesses de um poder ainda maior de, a princípio, garantir os direitos de cada cidadão e o seu bem-estar, para depois tendo eles sido conquistados, o Estado mantenha o controle sobre a sociedade. Esta é a filosofia política do Anti-Cristo e a forma como ele garantirá o apoio popular de que necessitará para governar durante os poucos anos que antecedem a volta de Cristo Jesus.
É notável que em algumas igrejas e em algumas comunidades cristãs e pseudo-cristãs, esta filosofia tem entrado sorrateiramente. E pior! Com um único propósito: fazer com que a maior ameaça a Igreja de Jesus Cristo, a Noiva, possa entrar e contaminá-la. O Pecado!
São sempre os mesmos argumentos, aqueles utilizados por pessoas que teimam em desafiar a autoridade constituída, o pastor titular, o líder, ou qualquer irmão da igreja local que esteja falando sob a autoridade da Palavra de Deus:
1. Quem é você para me julgar;
2. Isso não tem nada haver;
3. Tudo é puro para os puros;
4. Tua fé tem-na para ti mesmo;
5. O que come não julgue o que não come;
6. Sou forte e maduro espiritualmente; e
7. Sou Livre!
Eu poderia listar muitos outros argumentos, e tantos outros mais, e todos eles servem a um único propósito. Justificar, explicar, esconder ou mesmo fundamentar uma vida de pecado, seja ela em casa, as escondidas, na igreja, levando outros ao erro pelo escândalo, ou na teologia, quando se abandona a fé e a sã doutrina e se passa a dar ouvidos e apregoar doutrina de demônios. Estes argumentos acompanham, muitas vezes, passagens da Escritura Sagrada, da Bíblia, em referências retiradas de seus contextos, para justificar erros infernais. Estes argumentos são utilizados para desafiar a autoridade pastoral, muitas vezes, e outras tantas, o individualismo é utilizado como argumento para se questionar e afrontar abertamente, mesmo que isso fira o princípio da autoridade ensinado nas Escrituras. Sendo assim, qualquer um pode fazer o que quiser.
Se uma igreja local tem como uma de suas características, a cara de seu líder ou lideres, isto já se constitui um problema para quem quer ser subversivo, por assim dizer. A liderança é tida por chata, retrógrada, autoritária, entre outros termos. Apregoa-se uma utopia de comunidade cristã isenta de feições humanas e de suas influências, e todo o resto é falsa igreja, ou falso evangelho. Quebrando-se com princípios e removendo-se marcos antigos, se criam ministérios e igrejolas sediadas em auditórios alugados ou em prédios de tijolos sem reboco, com um banner na fachada: "Ministério Internacional Não sei das Quantas", ou "Comunidade Cristã Refúgio MK-47", e com direito a ser "Sede Mundial".
É óbvio que a Igreja deve sempre revelar a face de Cristo, mas dizer que possa existir uma  comunidade cristã que seja totalemte isenta de influências humanas, sendo uma expressão unica e fiel de nosso Senhor, isto é uma mentira e uma falácia. A Igreja é sim, e sempre será a imagem espiritual e visível de Cristo, mesmo imperfeita e ainda imersa em um mundo de pecado. Mas ela será sempre a imagem de cada crente e da unidade destes neste corpo, incluindo seus líderes. Eles sempre vão imprimir seu rosto nela, assim como cada um dos demais. É necessário o entendimento disto, e partindo-se daí entender o respeito ao princípio da autoridade. De outra forma, sempre serão ministérios nascidos em rebeldia, fadados ao fracasso ou ao desvio da verdade. O que tudo isso tem haver com pecado, abelhas e individualismo?
Bem... Voltando as abelhas, viver a Igreja, de fato não é viver como em uma linha de produção onde você é um produto igual ao outro, conforme a idéia daquele que o projetou. Mas viver em Igreja é viver em comunidade, e viver em comunidade é tudo, menos individualismo.
O individualismo não tem espaço no Cristianismo. Esta é uma lição que todos os novos convertidos deveriam aprender. Vivemos como em uma colméia, em uma coletividade, uma Família e em seu sentido mais lato. E Cristo é o nosso líder.
Paulo em sua Carta aos Coríntios, no capítulo 12, nos ensina como é a vida em igreja. Ele nos compara a membros de um corpo. Pedro, em sua primeira carta, no capítulo 5, nos compara a pedras que vivem, edificados como casa espiritual. Ora, membros de um corpo, ou mesmo pedras ou tijolos, cada um, em si mesmo é diferente de outros. Temos duas mãos e dois pés, duas orelhas, dois olhos, pernas e braços e muitos órgãos internos em pares, mas mesmo eles são diferentes uns dos outros, as vezes em apenas alguns pequenos detalhes. Mas todos reunidos, formam um corpo harmônico, integrado e que se constitui como uma unidade, um único ser. Mesmo tijolos, produzidos em um mesmo forno, sempre são diferentes. No entanto, todos eles juntos formam uma unica edificação.
As abelhas são seres individuais, mas somente revelam a sua maravilha quando estão constituídas em um enxame ou em uma colméia, vivendo todas juntas como se fossem um único ser vivo, parecendo possuir uma espécie de inteligência coletiva. Também a igreja é assim, quando ela possui a mesma mente de nosso Senhor, sendo nós o corpo e Ele, a Cabeça (I Co. 2: 16). Se um membro do corpo sofre, todo o corpo sofre junto. Se uma parede perde um tijolo, ela inteira se torna enfraquecida. Se uma abelha for morta em seu enxame ou colméia, todas se apressam a defender a colméia, a Rainha e voam para atacar o agressor.
Na Igreja não é diferente. Ela se comporta exatamente assim, e é neste ponto que eu queria chegar.
O pecado é como um câncer no corpo, uma infecção por bactérias, um vírus. O pecado é como um invasor na colméia, uma vespa solitária que imita os cheiros produzidos pelos feromônios das abelhas, mas que é pura enganação. Ela ataca a rainha, as larvas da colméia ou o mel. Deposita os seus ovos no lugar dos ovos da rainha, e coloca sua descendência para destruir a coletividade. Nestes casos, as abelhas se protegem e se defendem, mas para tal precisam falar a mesma linguagem, se comunicar na mesma frequência, estar vigilantes uma protegendo a outra.
Não é isso que o individualismo produz. Como veículo e catalizador do pecado na Igreja Pós-moderna, ele mina esta comunicação, e cria aberrações das quais muitos tem acreditado.  Acreditam alguns que que não podem ser repreendidos ou disciplinados por ninguém, pois ninguém tem nada haver com a vida pessoal deles. Muitos tem escandalizado e a outros irmãos na fé, e nada pode ser feito a eles. Muitos tem se prestado a serem instrumentos do diabo para sangrar o Corpo de Cristo, e em nome do individualismo, na forma de individualidade, escondem ou abafam o pecado. E assim a Igreja de hoje tem sofrido com toda espécie de doenças espirituais produzidas pela arrogância dos que se acham esclarecidos o suficiente para tolerar o que é feito em nome da maturidade espiritual, mas é pura Obra da Carne. Há muita coisa feita em nome da Liberdade cristã, mas que é na verdade uma sutil desculpa para a entrada de toda sorte de imundícies na igreja. E ninguém tem nada haver com isso! Tamanha artimanha de Satanás tem ganhado espaço, principalmente nos atuais movimentos ditos emergentes ou orgânicos, onde "releituras" das escrituras tem sido feitas para justificar muita coisa nociva a Igreja, a doutrina cristã e a vida em santidade.
O maior absurdo é que os demais tem de permanecer calados, pois logo são chamados de juízes, impedidos de repreender em nome de Jesus, confundindo cuidado ou zelo por juízo temerário. Que nefasta inversão! Em muitos casos a celebração do individualismo gera pregadores que adoram falar contra pastores e crentes em geral, apelidando-os de religiosos, fariseus modernos, big brothers espirituais, etc. Nada mais cômodo do que isso, quando se tem algo a esconder, uma mentira para sustentar, uma manada de cabritos e bodes para se pastorear. O que mais choca em tudo isso é que o individualismo é a marca mais evidente. Se não nas palavras, mas pelo menos nas idéias.

Viver em igreja é aprender a ser menos egoísta, egocêntrico, e menos individualista. Viver em igreja não é perder sua individualidade, mas é saber soma-la a tantas outras e assim construir um novo ser. Todas as minhas ações afetam ao meus irmãos e aos meus próximos. Não sou uma ilha isolada, e minha vida pessoal não é um terreno onde ninguém mais pode pisar a não ser eu. Jesus mesmo nos disse que se quiséssemos esconder coisas em nossa vida pessoal, um dia elas viriam a público, e que tudo que for feito ou dito em segredo, um dia é conhecido de todos (Lucas 12: 1 - 3). E é sempre isso o que acontece. Que ótima defesa contra a verdade e contra a punição do pecado e suas consequências, é o discurso do individualismo. Se meu pecado é escondido, ainda assim ele traz impacto sobre os demais. Se ele é revelado, ainda pior resultado ele trará. Quem sou eu para achar que, fazendo mal ao corpo, não sou passível de repreensão e disciplina, se meu atos por mais secretos explodem como bombas no Reino Espiritual? Ela virá de Deus, mas também virá do homem. É inevitável! Somente um tolo vai achar que para cada situação, o próprio Deus vai descer em pessoa, ou enviará um anjo para aparecer diante do infeliz e aplicar-lhe as sanções cabíveis. Mesmo quando Deus nos repreende e açoita, muitos enfiados de cabeça no pecado continuam no erro e se esbaldando na impureza.

Minhas orações são para que tais mentiras se afastem de minha geração e de meus filhos, todavia temo que isso esteja longe de acontecer, quanto mais perto estamos do dia em que aquele que é o Filho da Perdição vier e seduzirá os crentes individualistas, e suas vidas de mistérios a esconder e pecados a encobrir, das quais ninguém pode olhar, e somente Deus pode ver ou julgar, dizem, mas que na verdade nem mesmo ele pode interferir, pois tudo não passa de uma grande desculpa para pecar.

E assim as abelhas morrem, em uma colméia atacada por vespas, por fungos, por bactérias por um urso enorme que a destrói e que transforma o poderoso ser que é o enxame, e um monte de abelhas separadas e mortas em suas individualidades inúteis e sem propósito.

Um comentário:

  1. Olá meus irmãos; Graça e Paz.
    Muito bom este espaço, muito edificante, Deus continue abençoando.
    Aprendendo uns com os outros crescemos na graça e no conhecimento.
    Gostaríamos de compartilhar o nosso blog.

    "Mensagem edificante para alma"
    http://josiel-dias.blogspot.com/

    Josiel Dias
    Cons.Missionário
    Congregacional
    Rio de Janeiro

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