sexta-feira, 15 de junho de 2012

FALAR EM LÍNGUAS: NATUREZA E ATUALIDADE - PARTE 2

Por Clóvis Gonçalves

Este artigo é uma continuação de "Falar em línguas: natureza e atualidade - Parte 1". O espaço não permite uma análise detalhada das passagens relevantes para a questão. Mas o que será dito aqui poderá ser ampliado, aprofundado e melhor corroborado posteriormente. A passagem a que nos ateremos neste é Marcos 16, posteriormente trataremos de Atos 2 e 1Coríntios 12 e 14, se Deus quiser.


No evangelho de Marcos temos o registro da promessa do dom de línguas. “E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas” (Mc 16:17). O termo “novas” que qualifica línguas não é neos, comumente utilizado “para expressar novo no aspecto de tempo, indicando aquilo que é recente, mas da mesma natureza do antigo” e simkainos, que indica algo de "um tipo novo, sem precedentes, inédito". Já tratei dessa passagem no artigo “Falarão novas línguas”, então não me deterei mais na expressão “glōssais ... kainais”, voltando minha atenção para outra questão envolvida, qual seja, a cessação dos sinais mencionados em Mc 16:17-18.

A promessa do Senhor é “e estes sinais seguirão aos que crerem...”. O Senhor havia ordenado e prometido anteriormente: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:15-16). Creio que ninguém diria que pregar o evangelho para o mundo todo não é mais necessário, menos ainda que a promessa de salvação ao que crê perdeu a validade. Tampouco há lógica em afirmar que os sinais que seguiriam aos que crerem cessariam com a morte dos apóstolos ou a conclusão do Novo Testamento. Não há nenhum elemento textual que aponte nesse sentido.

A palavra traduzida “seguirão” é parakolouthesei, formada por para, “ao lado de” e akoloutheo,“seguir ou juntar-se a alguém”, significando mais precisamente “seguir alguém de modo a estar sempre do seu lado” e num sentido metafórico “estar sempre presente, acompanhar alguém a qualquer parte que ele vá” (Strong). O texto diz que os sinais seguiriam “aos que crerem”. Alguns identificam as pessoas dotadas com o poder para realizar milagres com os apóstolos apenas. Mas o contexto não estabelece esse limite. Os que creem são identificados no verso 16 como sendo todos aqueles que em todo o mundo, ouvem e creem no evangelho.

Alguns vêem no verso 20 uma prova de que os sinais eram próprios dos apóstolos e não dos crentes em geral. “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram” (Mc 16:20). Para demonstrar que a operação de sinais não era exclusiva ao ofício de apóstolo, basta lembrar que pessoas que não eram dos 12 apóstolos realizavam tais sinais, como Estêvão (At 6:8), Barnabé (At 15:12) e os crentes de Corinto (1Co 12:10, 28). Estes são fatos bíblicos incontestáveis.

Outros, diante da inevitabilidade de aceitar os sinais como acompanhando a todos os que creem, tentam desqualificar de algum modo a passagem, utilizando muitas vezes uma lógica estranha. Por exemplo, alguns dizem que como a Bíblia não registra pessoas bebendo coisas mortíferas e sobrevivendo, então os sinais não iriam perdurar até a volta de Cristo. Mas nem tudo o que ocorreu na igreja primitiva foi registrado. Há quem identifique o dom de línguas como o novo jeito do cristão falar, dominando a sua língua, em contraste como falar impróprio de antes de sua conversão. Chega-se a afirmar que o dom de línguas foi substituído pelas diversas traduções da Bíblia, não sendo mais necessário!

Mais simples e mais bíblico é afirmar que os sinais prometidos acompanhariam a pregação do evangelho onde e enquanto o evangelho fosse necessário. Não precisamos recorrer a artifícios complexos nem adotar uma lógica forçada, se tão somente aceitarmos o que a Bíblia diz, da forma como o diz.

Soli Deo Glória

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