sexta-feira, 19 de novembro de 2010

MACKENZIE E A LEI DA HOMOFOBIA: RESUMO DA ÓPERA ATÉ O MOMENTO


Muitos veículos de comunicação divulgaram o teor de um documento assinado pelo chanceler do Mackenzie, Reverendo Augustus Nicodemus Gomes Lopes. O documento ficou disponível no site da institução durante pouco tempo, devido à polêmica que provocou (apesar de não ser recente). Para quem não é mackenzista, o chanceler é responsável por zelar pela confessionalidade (presbiteriana) na Universidade.


Primeiro, o documento:
"Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia

Leitura: Salmo
O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.
Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:
"Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.
Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, "desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher" (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).
A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.
Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo".
Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes

Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie"

Diante dessas afirmações, começou uma polêmica virtual. Estudantes, jornais, redes de televisão e grupos ligados à comunidade gay taxaram o posicionamento do chanceler como homofóbico.

Em seu site, Luis Nassif postou as declarações pró e contra o estilo do chanceler. Entre elas:
Como aluno conheci a sua "ortodoxia" moralista. Sua tradição não é cristã, não é oriunda dos evangelhos  oriunda, baseada no Calvino que aprova a queima de Servetus, na lei de Moisés que manda apedrejar, furar o olho e matar. Talvez, alguns não entendam, mas ele é um judaizante cristão, alguém que vive e crê na lei do talião: "olho por olho, dente por dente". Essa lei como disse Luther King acabaria deixando todo mundo sem dentes e cegos. O que o move não é o espírito de Cristo, é a moralidade [Rogério Marques, ex-aluno de Nicodemus no Seminário Presbiteriano do Norte]
Sinceramente, é muita injustiça da sua parte. Eu e muitos outros conhecemos bem o Rev. Augustus NicodemUs e lhe garanto que seu texto está repleto de malícia e mentiras. Mas isso você com certeza já sabe, né?
"Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira." (João 8.44)
Se vocês estão querendo um bode expiatório para jogar acusações falsas, joguem logo contra a Igreja Presbiteriana do Brasil inteira, pois essa é a nossa posição, e que Deus te tenha como culpado no Dia do Julgamento. Estamos apoiando o Pr. Augustus e acredito firmemente no que ele falou e no que a Igreja disse. [Dri, sem informações a respeito do(a) autor(a)]
Já o Guia do Estudante publicou algumas colocações de mackenzistas:
“Não é só no Mackenzie, em qualquer lugar tem homofobia”, diz Isabelle. Nenhuma das outras pessoas entrevistadas, no entanto, disse ter visto alguma manifestação homofóbica no Mackenzie. “Até a [publicação da] infeliz carta”, lembra Deborah. “O chanceler em nada representa o real corpo pensante dessa instituição”, diz Thiago. “Preconceito velado existe em todas as universidades. Mas depois dessa atitude arbitrária do chanceler a imagem que se passa da instituição é que continuamos a ser aquele reduto de caça-comunistas e patrulheiros ideológicos do período da ditadura militar”.
Para o estudante, no campus “o clima é de tensão e revolta”. Na internet, Deborah diz que a situação começa a assustar. “Nos grupos de discussão do Mackenzie há comentários que estão passando dos limites. Estão calorosos, de um lado os que defendem a carta acusam os homossexuais de preconceito contra a religião e de outro os que acusam o Mackenzie de instituição homofóbica”, diz. 

Ao que parece, a discussão deverá passar do âmbito virtual para o real. No Facebook, alguns internautas estão combinando um protesto em frente ao Mackenzie no dia 24/11. Já são mais de 2.300 confirmações de presença. Os organizadores pedem: "Tragam cartazes, bandeiras, cornetas, altofalantes, tirem o pó das vuvuzelas e vamos ver e ser vistos!"

Do lado do chanceler, o destaque fica para Julio Severo. O artigo Palhaçada gay contra o Mackenzie afirma, entre outras coisas:
Contudo, os homofascistas nunca trocariam o Mackenzie por uma mesquita como alvo de suas reais manifestações de ódio. Eles tremeriam de medo só de pensar em fazer um protesto na frente da Embaixada do Irã, país que tradicionalmente mata homossexuais!

Os ativistas gays têm direito de acusar os islâmicos de assassinos de homossexuais? Claro que sim, mas por razões óbvias eles preferem não fazer uso desse direito. Com homofóbicos de verdade não se brinca! Dá para acusar facilmente os cristãos de qualquer mentira e escapar ileso, mas não dá para aplicar semelhante golpe em muçulmanos.


Nani é mackenzista e apenas narra os fatos desta polêmica aqui no Genizah



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