

Em nossa sequência de paralelos do mundo real com o universo de Star Wars, eu não poderia deixar de falar sobre a Confederação dos Sistemas Independentes e da Aliança Rebelde.
Mas alguns poderiam estar se perguntando agora: Porque cargas d’água o Metrius juntaria a Confederação e a Aliança Rebelde no mesmo artigo? Por um motivo muito simples. A Aliança é uma herdeira da Confederação.
Por mais estranho que possa parecer, e desconfortável de pensar, a outrora CIS (sigla em inglês de Confederacy of Independent Systems), após a sua extinção em 19 BBY no fim das Guerras Clônicas, os vários mundos e planetas, antes inimigos da República, agora se voltaram contra o Império Galáctico em tentativas isoladas de rebelião e posteriormente unindo-se a Aliança Rebelde. Em 2 BBY, quando a Aliança Rebelde é formada, ficou claro para muitas das lideranças locais que a luta sozinha contra a Nova Ordem seria uma guerra perdida, se não se unissem a um bloco bem maior e mais organizado.
Em Paralelos III, vamos conhecer um pouco mais sobre a Aliança Rebelde e a CIS, e descobrir o quanto de nossa realidade está impregnada em nestas organizações.
Um Breve Histórico das Grandes Rebeliões:


Em 22 BBY, a CIS entra em guerra com a República. Iniciam-se as Guerras Clônicas com a Batalha de Geonosis. Apesar da derrota inicial, a CIS rapidamente ocupa vários outros sistemas, deixando a galáxia em uma situação de impasse. Para cada sistema libertado pela República, outro era invadido pelos Separatistas. A CIS contava com um poderoso exército dróide, e uma marinha de guerra equipada com algumas das melhoras naves já produzidas. Além de contar com os exércitos e milícias dos vários sistemas membros. Dos principais comandantes separatistas, destacam-se Sev’rance Tann, Durge, Assajj Ventress e o General Grievous. Jango Fett compunha este quadro, mas foi morto em Geonosis, logo no início da guerra.
Na primeira metade da guerra, a CIS conduziu uma campanha que quase levou a derrota da República. Muitos senadores e jedi achavam que as ofensivas no Anel Interno, e a conseqüente conquista de Duro, significavam o prelúdio do fim. Mas na segunda metade da guerra “a mesa virou” em favor da República. Com a perda de Durge e Assajj Ventress em Boz Pity, e a morte de Dooku em Coruscant, a CIS perde seus principais líderes militares, restando apenas o General Grievous

Naquele mesmo ano, Sidious dá o golpe de estado contra o Senado e a República, instaurando o Império. Com seu novo aprendiz, Darth Vader, Sidious ordena a desativação de todos os Dróides da CIS, após ter enviado Vader para eliminar todos os líderes separatistas, entre eles o principal, Nute Gunray.
Agora, muitos sistemas separatistas, vendo-se desprovidos de seus exércitos de dróides, são obrigados a manter a luta não mais contra a República, mas contra o Império Galáctico.
A CIS, na verdade, nunca deixou de ser um estado fantoche, nas mãos de Darth Sidious. Ele, como Supremo Chanceler, sempre ansiou que a República vencesse, e por seus próprios desejos e ardis, os rumos da guerra eram decididos pela quantidade de informações por ele divulgada a cada um dos lados envolvidos.
Todas as corporações da CIS foram imperializadas, e seu efetivo assimilado para o esforço de guerra imperial. Muitas raças separatistas foram escravizadas, os dróides desligados e o projeto e construção da Estrela da Morte, inicialmente da CIS, passou para as mãos do Império. O restante do que não foi absorvido pelo Império, foi utilizado pelos nascentes movimentos de rebelião, grupos de contrabandistas e remanescentes jedi que se uniram a antigos separatistas.
Durante a Era Imperial, muitos sistemas separatistas se reorganizam no que ficou conhecido como Separatists Holdouts. Os combates entre estes movimentos de resistência e a marinha imperial, favoreceu a expansão do Império. A maioria deles foi derrotada e os restantes se uniram a Aliança Rebelde, quando da formação desta.

Após a derrota em 11 BBY, os vários núcleos separatistas foram declinando de forma acentuada, porém gradual. Em 3 ABY, o último bolsão separatista foi eliminado em Geonosis. Desde o fim das Guerras Clônicas, muitos dróides B1 ainda estavam ativos neste planeta, e não foram absorvidos nem pelo Império e nem pela Aliança Rebelde. A batalha de Geonosis terminou com a vitória rebelde e a derrota final dos separatistas.
Em sua maioria, o que restou da CIS, serviu em muito a recém formada Aliança Rebelde, fundada em 2 BBY e que compunha antigos sistemas signatários da Delegação dos 2000, as resistências armadas de alguns dos principais sistemas da galáxia, como Corellia, Alderaan, Mon Calamari (ou Dac, e antigo membro da CIS), Duros, entre outros, vários núcleos dos Separatists Holdouts, os sobreviventes da Ordem Jedi, entre outros agentes.
Um ponto exato de quando se iniciou a rebelião, não é possível de se estabelecer, contudo, é reconhecida a data de 2 BBY para o nascimento da Aliança para a Restauração da República, ou apenas Aliança Rebelde, como um movimento organizado, militarmente estruturado e bem equipado. Seu nascimento é tímido e passou despercebido da galáxia, visto que foi uma cerimônia simbólica dentro de uma sala pouco iluminada, em Kashyyyk.
Mas com o passar do tempo, e com vultosas verbas vindas dos sistemas rebeldes para o esforço de guerra, a Aliança logrou se equipar do mais moderno aparelhamento. Além de contar com os caças de superioridade espacial T-65 X-Wing, fornecidos pela Incom Corporation, Mon Mothma assegurou de que os antigos separatistas Mon Calamari, fornecessem as naves capitânias, cruzadores estelares e destroires. Muitas naves da frota CIS foram reutilizadas, após as atualizações necessárias, tais como as fragatas pesadas classes Munificent e Recusant e os destroires classe Providence. Além disto, os estaleiros Mon Calamari supriram a frota Rebelde com cruzadores e destróieres que rivalizavam com as naves imperiais, tais como os MC80 Home One. Em 1 BBY tem inicio a Guerra Civil Galáctica. Uma curiosidade sobre a Aliança é que, para não depender da moeda corrente do Império, criou-se o Crédito da Aliança, que passou a ser a moeda corrente entre os membros rebeldes. Apesar do Clã Bancário ter sido absorvido pelo Império, os muuns ficaram responsáveis pela emissão da moeda e o seu controle cambial, devido a vasta experiência como banqueiros separatistas.
Em 0 BBY, a Aliança descobre a existência de uma super estação espacial do Império, a Estrela da Morte, e organiza uma operação para roubar os seus esquemas técnicos. Darth Vader descobre o plano e prende uma das líderes da Aliança, a Princesa Léia Organa. Para forçá-la a dizer a verdade sobre a localização da principal base rebelde, Grand Moff Tarkin, ameaça destruir Alderaan em uma inauguração simbólica da Estrela da Morte. No entanto a ameaça se concretiza, Alderaan é a primeira grande baixa dos Rebeldes. Cerca de 2 bilhões de habitantes são pulverizados juntamente com o planeta.
Mas o efeito que o Império desejava não ocorreu. A Aliança chorou os seus mortos, as usou o fato para insuflar mais revolta nos corações da população do Império e recrutar ainda mais soldados para a causa da República. O sentimento de vingança foi grande e a resposta foi rápida. Em um ataque rebelde inicia a Batalha de Yavin, em 0 BBY

A resposta Imperial foi imediata. Yavin 4 é bombardeada e invadida pelo Império. Obrigando os rebeldes a se instalarem em Hoth. Contudo, Darth Vader, no afã de encontrar o destruidor da Estrela da Morte, acaba encontrando a base rebelde, Echo, e inflige mais uma derrota aos Rebeldes, em 3 ABY

Mas a oportunidade para derrotar o Império chegou. Em 4 ABY, o Imperador, na tentativa de golpear definitivamente a rebelião, deixa vazar informações sobre a nova Estrela da Morte. Outra super estação ainda mais poderosa. Sendo Construída em Endor, na orbita da Lua Florestal de Endor. Um plano é arquitetado e uma força tarefa é organizada para o ataque final.

Após cinco meses após a vitória em Endor, a Aliança finalmente deixa de existir, e dá lugar a uma nova organização, a Aliança dos Planetas Livres, que é o embrião do novo governo que estava por nascer. No mês seguinte a Mon Mothma declara oficialmente a Nova República e restabelece a democracia para todos os sistemas membros e promete a total libertação daqueles que ainda estavam sob domínio dos vários territórios fragmentados do que antes era o Império Galáctico.
Paralelos:
Para iniciar o nosso conhecimento em referências históricas, tanto para a CIS como para a Aliança Rebelde, precisamos novamente dividi-las em duas partes, mas sem, é claro, perder a linha de ligação entre as duas.

Permitam-me fazer um parêntese agora. A Guerra Civil Americana como um todo, é à base de inspiração para não só a CIS, mas como para o Grande Exército da República e as próprias Guerras Clônicas. Poderíamos listar aqui alguns pontos de interesse:
- Quanto às Guerras Clônicas, cuja causa se deu por razões político-econômicas, pode traçar sua origem real na Guerra Civil Americana, visto que os motivos também foram político-econômicos. Os estados do Sul abandonaram a União por discordarem da política abolicionista de Abraham Lincoln e sua eleição em 1860, além de estarem desfalcados no Congresso Americano, sendo minoria absoluta de deputados e senadores. A abolição dos escravos afetaria severamente a economia sulista, tal qual a taxação das rotas comerciais na Orla Exterior afetou a economia de muitos sistemas remotos e de grandes organizações como a Federação do Comércio.
- A Guerra Civil durou cerca de quatro anos aproximadamente, ao passo que as Guerras Clônicas duraram cerca de três anos.A Galáxia de Star Wars, passou pela sua primeira grande divisão, após quase mil anos de existência como a maior entidade política da galáxia sem rivais. Os Estados Unidos, que já contavam com a sua conformação atual de território (menos o Alasca e Havaí), então se vê dividido, perdendo cerca de 30% de seu território.
- Uma curiosidade sobre o Exército da República é o nome. Apesar de Napoleão ter batizado o seu exército de “Le Grande Armeé”, durante a Guerra Civil Americana, os exércitos da União também eram oficialmente chamados de “O Grande Exército da República”. Ao passo que a CIS também possuía o mesmo nome do exército da CSA, “Exército Confederado”, além de demais apelidos.
A CIS tem algumas similaridades com a CSA. Assim como a CSA, que entendia os Estados Unidos como uma federação em que cada estado deveria ter a liberdade de deixar a União, quando assim lhe fosse de melhor interesse, cada sistema membro da CIS também tinha autonomia para deixar a confederação quando quisesse. Muito embora isto ficasse apenas no papel, visto que qualquer sistema que deixasse a CIS era logo rechaçado, os separatistas entendiam que a CIS servia para representar cada sistema no que tange a defesa e representação diplomática, além de união monetária. Não era algo muito diferente da República, mas ao longo dos séculos, a República foi tomando moldes mais centralizados e caráter federativo, enquanto que a proposta da CIS seria um retorno aos moldes originais da República.
Assim como a CSA teve muitas capitais ao longo da curta existência, tendo sua primeira capital em Montgomery, no estado do Alabama, depois em Richmond, na Virgínia, e por fim em Danville, ainda na Virgínia, mas que usufruiu deste status por apenas sete dias a CIS, por sua vez, também não teve uma capital fixa. Inicialmente a CIS tinha sua sede em Raxus Prime, que posteriormente foi transferida para Geonosis, e apesar da invasão sofrida pela República, sua administração foi toda transferida da superfície do planeta para dentro das catacumbas e dos subterrâneos. Já nos últimos dias da CIS, a capital foi levada para Mustafar, onde o movimento separatista foi debelado. Especula-se que Utapau também tenha sido uma das capitais, mas ao que parece, a liderança separatista esteve no sistema por pouco tempo, e sem conceder este status para o planeta.
A Carta que regia a CIS era a chamada: Artigos da Secessão. Sua inspiração é quase um plágio, pois é notoriamente uma direta referência a Ordenança de Secessão, ou seja, o documento que expunha as razões pela qual a CSA se separava da União e se constituía como nova entidade política, assinada por todos os estados membros. Tal documento se tornaria nos Artigos da Confederação, ou seja, a Constituição aprovada da CSA. Era basicamente uma cópia da constituição americana, mas fazia questão de ressaltar a autonomia dos estados e do direito escravista. A CIS usou dos Artigos de Secessão como constituição até a sua extinção. Como o documento de sua fundação, não deu origem a um segundo documento como no caso da CSA, a CIS se governava por decisões do Conselho Separatista e de seu Chefe de Estado, já que a tal carta apenas declarava a sua secessão da República e os seus signatários.

E mais uma vez..., os nazistas: Por fim, como parece, para George Lucas, citações aos alemães “é de lei.” Em 32 BBY, apesar de que o fato seja mais específico a Federação do Comércio do que a Confederação como um todo, a República consegue prender o vice-rei Nute Gunray e parte de seu executivos, após a Invasão de Naboo. Como punição pela ação militar ilegal, o vice-rei foi levado a tribunal, mas nunca removido de seu cargo. A Federação do Comércio foi condenada a dissolver todo o seu efetivo militar e proibida de fabricar um novo exército. Mas contrariando a decisão judicial, a Federação do Comércio voltou a produzir um novo exército de dróides, clandestinamente, em Geonosis. Isso nos lembra um fato igualmente similar. No fim da I Guerra Mundial, pelo Tratado de Versalhes, a Alemanha foi condenada a pagar reparações para os Aliados e se submeter a condições humilhantes. O exército ficou restrito a apenas 100 mil soldados, a marinha com apenas 15 mil homens e proibida de ter submarinos e possuir apenas navios pequenos, ter a sua força aérea desmantelada.

Com relação à Aliança Rebelde, ao contrário do Império Galáctico, há pouquíssimas referências com fatos de nosso mundo. A minha breve pesquisa, confesso, foi decepcionante. Mas ainda assim existe uma referência muito boa, que também nos remete a II Guerra Mundial.
A Resistência Francesa (La Résistance, 1940 – 1944): Tal qual a Aliança Rebelde, a Resistência Francesa formou-se e iniciou sua luta contra os nazistas e o governo de Vichy, desde 22 de junho de 1944 até a libertação da França em 1944.
Com a guerra relâmpago alemã, os franceses não tiveram como suportar a invasão maciça, bem como a estratégia utilizada pelos alemães, que romperam a Linha Maginot e invadiram ao norte pela Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, auxiliados por italianos ao sul da linha. A França assinou, em 22 de Junho de 1940, um armistício com a Alemanha e a Itália. A França foi dividida em vários setores, e a ao sul os nazistas criaram um estado fantoche, a França de Vichy, colaboracionista e sob forte influência das leis alemãs e de cunho semi-fascista.
A Aliança Rebelde dos franceses se denominaram de A Resistência, e seus membros eram chamados de partisans (partidários). O novo presidente, Marechal Pétain, instaurou a dita Revolução Nacional e proibiu o funcionamento dos sindicatos e pôs fim aos partidos políticos. Tais grupos e partidos, de diferentes tendências políticas e de correntes filosóficas, foram obrigados a se unirem para lutar contra inimigos comuns. Mas a resistência não poderia atingir maior relevância se com apenas as táticas de guerrilha e atividades clandestinas. Foi então que os partisans, para ganhar maior expressão, tiveram apoio dos Aliados, com equipamentos, suprimentos e um escritório central em Londres, comandado pelo coronel Dewaurin. Somente assim a Resistência Francesa pode ser uma força efetiva e colaboradora do esforço aliado contra os nazistas.
Assim como se deu a formação da Aliança Rebelde, contra o Império Galáctico, a Resistência Francesa também se formou da união se vários seguimentos e partidos da vida política na França. Ao mesmo lado, lutavam comunistas, nacionalistas, judeus e monarquistas, assim como na Aliança Rebelde que agregava antigos inimigos na luta contra o Império. Uniram-se sistemas como Corellia, Chandrila, Alderaan, e Kashyyyk, separatistas, kaminoanos, raças inimigas da Velha República, mas que agora odiavam o Império, e antigos membros do comitê lealista do senado e milícias planetárias. Todos uniram-se em uma única entidade organizacional, para lutar contra a tirania do Adolf Hitler e Marechal Pétain do Império Galáctico.
Apesar da semelhança da Aliança Rebelde com a Resistência Francesa, a Aliança tem relação com os grandes movimentos de sublevação armada. Os movimentos partisanos não eram apenas um fato histórico da França. Rebeldes também existiam na Itália, na Polônia, havia milícias judias, gregos, russos entre outros.

É notável como George Lucas, de forma intencional, ou não, bebe na fonte da História para criar a e recriar o seu universo. Muito mais ainda, como George Lucas e os demais colaboradores do mundo Far, Far Away, tem uma predileção pela primeira metade do século XX! Concordo com uma coisa: De fato, o século XX foi o século que mais rendeu assunto para a humanidade repensar seus valores. Este fato é refletido em tudo: música, teatro, literatura, cinema. Em Star Wars, a regra permanece, e muito mais interessante é perceber as suas nuanças em todos os temas e elementos da Saga. A CIS e a Aliança Rebelde também vêm demonstrar isso e comprovar que Star Wars nos relembra de nosso passado.
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