Seg, 13 de Julho de 2009 21:01
Por Darth Metrius
Confesso que para este artigo, eu levei tempo, e algumas horas de preocupação com a publicação dele. Minha dúvida era se eu seria compreendido e que o meu pensamento não fosse levado por uma entendimento equivocado, sendo considerado a como um apologista de alguma aberração produzida pela sociedade moderna. Tive muita dificuldade. Mas sei que ao final, o leitor há de me entender, pois com a atual situação política no país e no mundo, alguns extremos podem apontar para possíveis soluções. Então, inicio!
Aqui em casa, meu irmão e eu, somos fãs incondicionais de Star Wars. Ele sempre torce pela Aliança Rebelde e a Ordem Jedi, eu já tenho uma predileção pelo Império Galáctico. Mas ambos concordamos com uma coisa: “Palpatine foi o gênio político-criminoso mais bem-sucedido da história do cinema Nem Lex Lutor, em toda sua vilania, se portou como Palpatine. Em vários aspectos, a criação do personagem apresenta uma clara associação com figuras históricas, sendo um misto de vários indivíduos que protagonizaram importantes eventos mundiais. Uma destas figuras, da qual falarei em breve, é Adolf Hitler, cuja trajetória foi desde a humilhação na época de seus estudos de Belas Artes a liderança suprema do estado totalitário mais famoso do século XX. Outro deles foi Otaviano, imperador romano, cuja trajetória ao poder foi uma demonstração de força, mas principalmente de astúcia e inteligência, servindo de nítida inspiração para a criação de Palpatine.
Antes de começar a desenvolver meu raciocínio, digo que não quero fazer nenhuma defesa e apologia a ditador algum e a nenhum sistema político repressor. Quando falo de Hitler, faço questão de dizer que ele é um exemplo clássico de que o mal tem seus triunfos, mas sua duração é efêmera e seu fim, trágico. No entanto, minha reflexão, desta vez, é apenas sobre o ponto de vista de ações positivas que levaram grandes nações a serem potências mundiais ou regionais. Utilizando dos dois exemplos históricos citados, origens da inspiração para a criação do Império Galáctico e seu líder máximo, faremos também uma crítica ao nosso país e sua atual conjuntura política.
Há apenas duas razões para a minha simpatia pelo Império Galáctico: O seu modelo de organização militar e pela forma de governo, monarquia (modelo este que não tenho vergonha de assumir). Mas para que o leitor não ache que vou fazer uma defesa cega do Império, algumas verdades sobre ele devem ser ditas: Em termos de corrupção, o Império continuou do mesmo modo que a República, criou novas burocracias e tornou a vida na galáxia um inferno, lançando-a em uma guerra civil. Mas o problema não é o Império em si. O problema era o modus operandi, que independe da forma de governo. No meu ponto de vista, a República, mesmo tendo um aparente sucesso como forma de governo, deixou espaço para que vários sistemas entrassem e saíssem dela indiscriminadamente, abriu as portas para a corrupção política e a burocracia em larga escala, e não foi capaz de gerar estabilidade perene, visto que a sua história é pontilhada de guerras e conflitos locais. Aparentes períodos de total sucesso do sistema e forma de governo foram, coincidentemente, em períodos de grandes conflitos contra o Império Sith e os Mandalorianos. Salvo isto, sempre ficou aparente a fragilidade da República. Tanto é fato que, após a queda do Império Galáctico em 4 ABY, a Nova República migrou do seu velho modelo para um “meio termo”, entre este e o Império. A Aliança Galáctica adotou o que seria hoje um misto de Estados Unidos com Império Romano.
Contudo, não quero desgastar a ponta de meus dedos digitando sobre este assunto, pois se formos pensar, não é sábio dizer que o Império foi melhor que a República. Ambos apresentam problemas semelhantes e particulares, se levarmos em conta o todo.
A questão é, e nela está a razão do meu artigo, a pessoa (ou as pessoas) que detém o poder que o estado lhes confere. Governos não existem sem pessoas, e regimes não se materializam sem mentes. E é nas mentes, nas figuras, no indivíduo que reside o sucesso e fracasso.
Fica óbvio para qualquer fã de Star Wars, que o Império Galáctico deve sua existência e inspiração em dois estados historicamente importantes. Roma e Alemanha Nazista. O Império Galáctico e a figura da Palpatine têm seus modelos na história, e é a partir destes modelos que inicio o pensamento sobre o que seria o “Palpatine Necessário”
O primeiro caso a ser visto será o alemão. Após o fim da Primeira Guerra Mundial e do humilhante Tratado de Versalhes, a Alemanha, que na época passou a se chamar República de Weimar, sofreu com as condições impostas pelos países aliados e com a Grande Depressão de 1929. Esta primeira experiência alemã como uma república moderna, nasceu fadada ao fracasso. Após um breve período de ouro, de 1923 a 1929, Weimar passou por uma crise institucional e econômica que favoreceu a tomada do poder pelos nazistas em 1933. Durante a crise, a burocracia e a corrupção foram um modo de vida dos políticos alemães, na tentativa de conseguir tirar proveito da crise e sair da vida política com alguma coisa, já que retirar o país da falência era algo aparentemente impossível.
Em termos econômicos, no fim de 1926, a Alemanha contava com 2 milhões de desempregados. Em 1932, esse número chegou a 6 milhões, em uma população de pouco mais de 62 milhões. A hiperinflação devorava a economia. Em 1923, cédulas de 100 milhões de marcos passeavam na mão de pouco. Em dezembro do mesmo ano, a taxa acumulada chegou a 1 bilhão por cento.
Como resolver isso sem um político forte e um governo que se imponha diante das dificuldades e desafios? Infelizmente a história reservou o pior “salvador” que o mundo já viu. Apesar de Hitler ter sido um homem avesso a economia, seu plano de tirar a Alemanha da falência, selecionou uma equipe que realizou o que ficou conhecido entre muitos especialistas como um verdadeiro “milagre”. Em três anos, de 1933 a 1936, os desempregados foram reduzidos a menos de 1 milhão. Ainda que para o esforço de guerra, a produção nacional foi de 102% e a renda nacional dobrou. Foi distribuído crédito para a população e isenção de impostos para indústrias, se estas abrissem novos postos de trabalho. A política interna se voltou para resolver três problemas: hiperinflação, desemprego, e expansão da produção de bens de consumo e melhoria da qualidade de vida da classe média e baixa. Os resultados?: Crescimento do PIB de 9,5% e industrial de 17,2%; o consumo público foi de 18,7% e o privado de 3,6%. Na agricultura a reforma agrária foi quase uma realidade e a produção subiu 20%, chegando à auto-suficiência de 83%, derrotando as dívidas agrícolas que chegavam a 12 bilhões de marcos em 1925.
Imaginem estes sucessos, alcançados pelos nazistas, nas mãos de um governo democrático, justo e preocupado com o povo, não necessariamente republicano? Ora, se Hitler, sendo o homem que foi, fez o que fez para tirar a humilhação de cima do povo alemão, mesmo que suas intenções fossem outras, o que seria de um país com outros governantes bem mais altruístas, se tais medidas fossem tomadas? É claro que existe sempre o Lado Negro da história por trás do “milagre alemão” da década de 30, como por exemplo, a constante acusação aos judeus pela derrocada econômica.
É neste ponto que quero mostrar o “Palpatine Necessário”. Em determinados contextos atuais, necessita-se de alguém com postura forte, com uma visão holística de desenvolvimento a médio e curto prazo, muito mais elevada, moralmente, do que os nazistas tiveram. E isso não chega a ser uma utopia ilusória. O próprio Brasil gerou um exemplo, Juscelino Kubitschek. Ele poderia ser um exemplo do “Palpatine necessário”! Um caráter distorcido como o do führer não o desqualifica como alguém que teve a capacidade de perceber as oportunidades e usar o poder para restaurar o seu país de sua total falência. Imaginem se ele tivesse empreendido suas energias em apenas salvar a Alemanha do caos, ao invés de alimentar sua cede expansionista e devaneios megalomaníacos e de extermínio?
Partindo para o segundo exemplos da história, podemos viajar no tempo, e ainda mais longe observar outra figura, infinitamente menos odiada: Otávio Augusto, o primeiro Imperador de Roma.
Antes de chegar ao poder, em 16 de janeiro de 27 a.C., a República Romana passava por uma crise que a levaria fatalmente a uma mudança política significativa, concluída nesta data com o estabelecimento do Império. Roma enfrentava inúmeros problemas institucionais e de ordem social, advindos da rápida expansão territorial e do surgimento das províncias. O velho modelo republicano não podia dar conta da nova conjuntura estatal, o que permitiu aos pró-cônsules e pró-pretores maior poder e aos generais a capacidade de afrontar o senado. Surgem então, por todo o nascente império, revoltas de escravos, movimentos separatistas, uma guerra civil, revoltas populares e os fracassos da tentativa de reforma agrária empreendida por Graco, que iniciou a crise, somada ainda à infame ditadura de Sila.
Otaviano, sobrinho-neto de Júlio César e também filho adotivo, aproveitou a oportunidade de que sua herança lhe conferia, após o assassinato daquele, e iniciou a sua própria escalada de poder, impulsionado pelo prestígio de seu tio e do status adquirido. Vindo de uma família nobre, mas de pouca expressão em Roma, sua carreira de sucesso deveu-se a sua capacidade de usar e abusar de manobras políticas e utilizar seus adversários como agentes para o seu benefício próprio. Nada escrupuloso e muito autoritário, fez com que a administração de Roma se tornasse eficiente, deixando o velho regime no passado e elevando o império ao status de Império realmente, bem mais condizente com sua realidade em todos os sentidos. Não foi um chefe militar de renome, mas suas vitórias lhe valeram fama, além de sua notória habilidade com a política.
Entre seus feitos notáveis destaca-se: restaurou o poder do senado, que em troca lhe ofereceu o título de dictator, rejeitado para não incorrer em perigo de morte (na verdade foi mais uma jogada para garantir a simpatia dos senadores), reorganizou o exército, reformou a administração pública e estabeleceu as fronteiras do Império, e declarou o Fim das Guerras. Pediu apenas que o senado lhe confirmasse como herdeiro de César e Cônsul Vitalício. No entanto, o senado ainda lhe deu os títulos de Imperator, Augustus, Pontifex Maximus, além de Princeps Senatus e Princeps Populis. Todo o poder de Roma lhe foi entregue, pelas mãos do senado e do povo, que não mais via o país como uma peça de jogo entre o senado e os generais do exército. Neste período se instaura a Pax Romana.
Onde, aqui, o Palpatine Necessário? Acho que Otaviano é o exemplo mais próximo de Palpatine, no que diz respeito às ações positivas em prol da República de Roma e do Império, e de como utilizou o poder para atingir seus objetivos. Ele pensou no poder, mas ao alcançá-lo, pode executar o que considerou justo e correto. É o que chamo de ações positivas, por mais que às vezes, sejam executadas por motivos pessoais ou egoístas.
Ao que parece, para o mal ou para o bem, a história sempre resolve entregar uma personalidade que desmonte com alguma estrutura político-social estabelecida para que problemas e crises se resolvam. O “Palpatine Necessário” é uma pessoa que, apresenta uma ambição pessoal, luta por atingi-la. Muitas vezes usa de meios ilegais, não necessariamente imorais. E quando chega ao poder, realiza o que está no coração do povo. Tal figura ainda não existe, ou existiu, e parece-me que nunca existirá, já que a natureza humana é notável no que diz respeito à operação do mal. Muito provavelmente, mesmo o mais bem-intencionado dos homens, irá cometer algum crime, executar uma ação digna de reprovação mundial, ou realizar atrocidades em nome do regime, da religião, e em seu próprio nome.
O Palpatine necessário é o somatório de todas as ações que beneficiam o povo, mas levando em conta que para tal, antes, foi necessário se derrubar um poder anterior.
Será que o Brasil necessita de um Darth Vader, um Palpatine, ou um Stalin da vida? É claro que não. Uma coisa que tenho bastante certeza é de que o brasileiro jamais abrirá mão de sua liberdade e da democracia conquistada à duras penas. Mas com o atual contexto em que passamos com o Congresso Nacional, o nosso “Senado Romano”, o nosso “Reichstag”, eu fico a me perguntar se realmente a nossa atual democracia vale a pena. Realidades como a nossa, em outros países sul-americanos, levaram ao poder figuras como Hugo Chaves e Evo Morales, líderes de países descontentes com a política. Em nossa nação, graças a Força, não há a menor chance de um ditador surgir, ou mesmo os militares tencionarem voltar ao mandato do país, mas se a situação se perpetuar por mais tempo, uma hora alguém se manifestará: ou o povo, ou um único indivíduo oportunista.
Sim, nosso país gerou um monstro! O Congresso Nacional é um sumidouro de verbas da união. Gastamos rios de dinheiro com salários e demais benefícios para os deputados e senadores, milhares de funcionários das duas casas, e sem contar com o que é desviado por congressistas corruptos e por funcionários fantasmas. Um discurso apropriado seria o do próprio Palpatine, para descrever a atual situação:
...the Republic is not what it once was. The Senate is full of greedy, squabbling delegates who are only looking out for themselves and their home systems. There is no interest in the common good...no civility, only politics...it’s disgusting. (Palpatine, Episódio I)
Quem foi que disse que o Brasil necessita de um Congresso bicameral com tantos deputados e senadores? Quem disse que nosso país tem que pagar um sustento vitalício para todas as famílias dos ex-presidentes, como rege a constituição? Porque o Brasil ainda elege indivíduos de má índole como seus representantes? Quem disse que a República Federativa do Brasil é a melhor forma para o Brasil? O quanto se gasta com a manutenção de qualquer república no mundo é notoriamente maior do que a manutenção das famílias reais da Ásia, Europa e Oceania. Um monarca é uma figura suprapartidária, um fator fundamental para eliminar corrupção. Uma única casa para o congresso é um dos fatores essenciais para se ajustar as finanças do país. Qual a razão de não podermos ter apenas um senado, ou uma assembléia nacional. Qual a necessidade de centenas de políticos, muitos dos quais sem expressão alguma, apenas recebendo mensalmente os seus vultosos salários e sem trabalhar de fato? Em vista de tudo isso, não seria natural desejar um “Palpatine Necessário” para o Brasil? Com toda certeza, há horas que desejo um golpe de estado, a volta da monarquia, ou uma revolta popular que mude a situação.
Necessitamos de um Otávio Augusto, necessitamos de um Juscelino, necessitamos de um “Palpatine Necessário”, alguém que possa fazer com que pelo menos as coisas melhorem e o povo possa confiar em suas instituições, mesmo sabendo que homem algum é a solução final para qualquer coisa, e que em algum instante, ele pode nos trair.
Que a Força esteja conosco; ou melhor: Que Deus nos ajude!
Originalmente Publicado no site: www.jedimaster.com.br, seção Colunas
Confesso que para este artigo, eu levei tempo, e algumas horas de preocupação com a publicação dele. Minha dúvida era se eu seria compreendido e que o meu pensamento não fosse levado por uma entendimento equivocado, sendo considerado a como um apologista de alguma aberração produzida pela sociedade moderna. Tive muita dificuldade. Mas sei que ao final, o leitor há de me entender, pois com a atual situação política no país e no mundo, alguns extremos podem apontar para possíveis soluções. Então, inicio!
Aqui em casa, meu irmão e eu, somos fãs incondicionais de Star Wars. Ele sempre torce pela Aliança Rebelde e a Ordem Jedi, eu já tenho uma predileção pelo Império Galáctico. Mas ambos concordamos com uma coisa: “Palpatine foi o gênio político-criminoso mais bem-sucedido da história do cinema Nem Lex Lutor, em toda sua vilania, se portou como Palpatine. Em vários aspectos, a criação do personagem apresenta uma clara associação com figuras históricas, sendo um misto de vários indivíduos que protagonizaram importantes eventos mundiais. Uma destas figuras, da qual falarei em breve, é Adolf Hitler, cuja trajetória foi desde a humilhação na época de seus estudos de Belas Artes a liderança suprema do estado totalitário mais famoso do século XX. Outro deles foi Otaviano, imperador romano, cuja trajetória ao poder foi uma demonstração de força, mas principalmente de astúcia e inteligência, servindo de nítida inspiração para a criação de Palpatine.
Antes de começar a desenvolver meu raciocínio, digo que não quero fazer nenhuma defesa e apologia a ditador algum e a nenhum sistema político repressor. Quando falo de Hitler, faço questão de dizer que ele é um exemplo clássico de que o mal tem seus triunfos, mas sua duração é efêmera e seu fim, trágico. No entanto, minha reflexão, desta vez, é apenas sobre o ponto de vista de ações positivas que levaram grandes nações a serem potências mundiais ou regionais. Utilizando dos dois exemplos históricos citados, origens da inspiração para a criação do Império Galáctico e seu líder máximo, faremos também uma crítica ao nosso país e sua atual conjuntura política.
Há apenas duas razões para a minha simpatia pelo Império Galáctico: O seu modelo de organização militar e pela forma de governo, monarquia (modelo este que não tenho vergonha de assumir). Mas para que o leitor não ache que vou fazer uma defesa cega do Império, algumas verdades sobre ele devem ser ditas: Em termos de corrupção, o Império continuou do mesmo modo que a República, criou novas burocracias e tornou a vida na galáxia um inferno, lançando-a em uma guerra civil. Mas o problema não é o Império em si. O problema era o modus operandi, que independe da forma de governo. No meu ponto de vista, a República, mesmo tendo um aparente sucesso como forma de governo, deixou espaço para que vários sistemas entrassem e saíssem dela indiscriminadamente, abriu as portas para a corrupção política e a burocracia em larga escala, e não foi capaz de gerar estabilidade perene, visto que a sua história é pontilhada de guerras e conflitos locais. Aparentes períodos de total sucesso do sistema e forma de governo foram, coincidentemente, em períodos de grandes conflitos contra o Império Sith e os Mandalorianos. Salvo isto, sempre ficou aparente a fragilidade da República. Tanto é fato que, após a queda do Império Galáctico em 4 ABY, a Nova República migrou do seu velho modelo para um “meio termo”, entre este e o Império. A Aliança Galáctica adotou o que seria hoje um misto de Estados Unidos com Império Romano.
Contudo, não quero desgastar a ponta de meus dedos digitando sobre este assunto, pois se formos pensar, não é sábio dizer que o Império foi melhor que a República. Ambos apresentam problemas semelhantes e particulares, se levarmos em conta o todo.
A questão é, e nela está a razão do meu artigo, a pessoa (ou as pessoas) que detém o poder que o estado lhes confere. Governos não existem sem pessoas, e regimes não se materializam sem mentes. E é nas mentes, nas figuras, no indivíduo que reside o sucesso e fracasso.
Fica óbvio para qualquer fã de Star Wars, que o Império Galáctico deve sua existência e inspiração em dois estados historicamente importantes. Roma e Alemanha Nazista. O Império Galáctico e a figura da Palpatine têm seus modelos na história, e é a partir destes modelos que inicio o pensamento sobre o que seria o “Palpatine Necessário”
O primeiro caso a ser visto será o alemão. Após o fim da Primeira Guerra Mundial e do humilhante Tratado de Versalhes, a Alemanha, que na época passou a se chamar República de Weimar, sofreu com as condições impostas pelos países aliados e com a Grande Depressão de 1929. Esta primeira experiência alemã como uma república moderna, nasceu fadada ao fracasso. Após um breve período de ouro, de 1923 a 1929, Weimar passou por uma crise institucional e econômica que favoreceu a tomada do poder pelos nazistas em 1933. Durante a crise, a burocracia e a corrupção foram um modo de vida dos políticos alemães, na tentativa de conseguir tirar proveito da crise e sair da vida política com alguma coisa, já que retirar o país da falência era algo aparentemente impossível.
Em termos econômicos, no fim de 1926, a Alemanha contava com 2 milhões de desempregados. Em 1932, esse número chegou a 6 milhões, em uma população de pouco mais de 62 milhões. A hiperinflação devorava a economia. Em 1923, cédulas de 100 milhões de marcos passeavam na mão de pouco. Em dezembro do mesmo ano, a taxa acumulada chegou a 1 bilhão por cento.
Como resolver isso sem um político forte e um governo que se imponha diante das dificuldades e desafios? Infelizmente a história reservou o pior “salvador” que o mundo já viu. Apesar de Hitler ter sido um homem avesso a economia, seu plano de tirar a Alemanha da falência, selecionou uma equipe que realizou o que ficou conhecido entre muitos especialistas como um verdadeiro “milagre”. Em três anos, de 1933 a 1936, os desempregados foram reduzidos a menos de 1 milhão. Ainda que para o esforço de guerra, a produção nacional foi de 102% e a renda nacional dobrou. Foi distribuído crédito para a população e isenção de impostos para indústrias, se estas abrissem novos postos de trabalho. A política interna se voltou para resolver três problemas: hiperinflação, desemprego, e expansão da produção de bens de consumo e melhoria da qualidade de vida da classe média e baixa. Os resultados?: Crescimento do PIB de 9,5% e industrial de 17,2%; o consumo público foi de 18,7% e o privado de 3,6%. Na agricultura a reforma agrária foi quase uma realidade e a produção subiu 20%, chegando à auto-suficiência de 83%, derrotando as dívidas agrícolas que chegavam a 12 bilhões de marcos em 1925.
Imaginem estes sucessos, alcançados pelos nazistas, nas mãos de um governo democrático, justo e preocupado com o povo, não necessariamente republicano? Ora, se Hitler, sendo o homem que foi, fez o que fez para tirar a humilhação de cima do povo alemão, mesmo que suas intenções fossem outras, o que seria de um país com outros governantes bem mais altruístas, se tais medidas fossem tomadas? É claro que existe sempre o Lado Negro da história por trás do “milagre alemão” da década de 30, como por exemplo, a constante acusação aos judeus pela derrocada econômica.
É neste ponto que quero mostrar o “Palpatine Necessário”. Em determinados contextos atuais, necessita-se de alguém com postura forte, com uma visão holística de desenvolvimento a médio e curto prazo, muito mais elevada, moralmente, do que os nazistas tiveram. E isso não chega a ser uma utopia ilusória. O próprio Brasil gerou um exemplo, Juscelino Kubitschek. Ele poderia ser um exemplo do “Palpatine necessário”! Um caráter distorcido como o do führer não o desqualifica como alguém que teve a capacidade de perceber as oportunidades e usar o poder para restaurar o seu país de sua total falência. Imaginem se ele tivesse empreendido suas energias em apenas salvar a Alemanha do caos, ao invés de alimentar sua cede expansionista e devaneios megalomaníacos e de extermínio?
Partindo para o segundo exemplos da história, podemos viajar no tempo, e ainda mais longe observar outra figura, infinitamente menos odiada: Otávio Augusto, o primeiro Imperador de Roma.
Antes de chegar ao poder, em 16 de janeiro de 27 a.C., a República Romana passava por uma crise que a levaria fatalmente a uma mudança política significativa, concluída nesta data com o estabelecimento do Império. Roma enfrentava inúmeros problemas institucionais e de ordem social, advindos da rápida expansão territorial e do surgimento das províncias. O velho modelo republicano não podia dar conta da nova conjuntura estatal, o que permitiu aos pró-cônsules e pró-pretores maior poder e aos generais a capacidade de afrontar o senado. Surgem então, por todo o nascente império, revoltas de escravos, movimentos separatistas, uma guerra civil, revoltas populares e os fracassos da tentativa de reforma agrária empreendida por Graco, que iniciou a crise, somada ainda à infame ditadura de Sila.
Otaviano, sobrinho-neto de Júlio César e também filho adotivo, aproveitou a oportunidade de que sua herança lhe conferia, após o assassinato daquele, e iniciou a sua própria escalada de poder, impulsionado pelo prestígio de seu tio e do status adquirido. Vindo de uma família nobre, mas de pouca expressão em Roma, sua carreira de sucesso deveu-se a sua capacidade de usar e abusar de manobras políticas e utilizar seus adversários como agentes para o seu benefício próprio. Nada escrupuloso e muito autoritário, fez com que a administração de Roma se tornasse eficiente, deixando o velho regime no passado e elevando o império ao status de Império realmente, bem mais condizente com sua realidade em todos os sentidos. Não foi um chefe militar de renome, mas suas vitórias lhe valeram fama, além de sua notória habilidade com a política.
Entre seus feitos notáveis destaca-se: restaurou o poder do senado, que em troca lhe ofereceu o título de dictator, rejeitado para não incorrer em perigo de morte (na verdade foi mais uma jogada para garantir a simpatia dos senadores), reorganizou o exército, reformou a administração pública e estabeleceu as fronteiras do Império, e declarou o Fim das Guerras. Pediu apenas que o senado lhe confirmasse como herdeiro de César e Cônsul Vitalício. No entanto, o senado ainda lhe deu os títulos de Imperator, Augustus, Pontifex Maximus, além de Princeps Senatus e Princeps Populis. Todo o poder de Roma lhe foi entregue, pelas mãos do senado e do povo, que não mais via o país como uma peça de jogo entre o senado e os generais do exército. Neste período se instaura a Pax Romana.
Onde, aqui, o Palpatine Necessário? Acho que Otaviano é o exemplo mais próximo de Palpatine, no que diz respeito às ações positivas em prol da República de Roma e do Império, e de como utilizou o poder para atingir seus objetivos. Ele pensou no poder, mas ao alcançá-lo, pode executar o que considerou justo e correto. É o que chamo de ações positivas, por mais que às vezes, sejam executadas por motivos pessoais ou egoístas.
Ao que parece, para o mal ou para o bem, a história sempre resolve entregar uma personalidade que desmonte com alguma estrutura político-social estabelecida para que problemas e crises se resolvam. O “Palpatine Necessário” é uma pessoa que, apresenta uma ambição pessoal, luta por atingi-la. Muitas vezes usa de meios ilegais, não necessariamente imorais. E quando chega ao poder, realiza o que está no coração do povo. Tal figura ainda não existe, ou existiu, e parece-me que nunca existirá, já que a natureza humana é notável no que diz respeito à operação do mal. Muito provavelmente, mesmo o mais bem-intencionado dos homens, irá cometer algum crime, executar uma ação digna de reprovação mundial, ou realizar atrocidades em nome do regime, da religião, e em seu próprio nome.
O Palpatine necessário é o somatório de todas as ações que beneficiam o povo, mas levando em conta que para tal, antes, foi necessário se derrubar um poder anterior.
Será que o Brasil necessita de um Darth Vader, um Palpatine, ou um Stalin da vida? É claro que não. Uma coisa que tenho bastante certeza é de que o brasileiro jamais abrirá mão de sua liberdade e da democracia conquistada à duras penas. Mas com o atual contexto em que passamos com o Congresso Nacional, o nosso “Senado Romano”, o nosso “Reichstag”, eu fico a me perguntar se realmente a nossa atual democracia vale a pena. Realidades como a nossa, em outros países sul-americanos, levaram ao poder figuras como Hugo Chaves e Evo Morales, líderes de países descontentes com a política. Em nossa nação, graças a Força, não há a menor chance de um ditador surgir, ou mesmo os militares tencionarem voltar ao mandato do país, mas se a situação se perpetuar por mais tempo, uma hora alguém se manifestará: ou o povo, ou um único indivíduo oportunista.
Sim, nosso país gerou um monstro! O Congresso Nacional é um sumidouro de verbas da união. Gastamos rios de dinheiro com salários e demais benefícios para os deputados e senadores, milhares de funcionários das duas casas, e sem contar com o que é desviado por congressistas corruptos e por funcionários fantasmas. Um discurso apropriado seria o do próprio Palpatine, para descrever a atual situação:
...the Republic is not what it once was. The Senate is full of greedy, squabbling delegates who are only looking out for themselves and their home systems. There is no interest in the common good...no civility, only politics...it’s disgusting. (Palpatine, Episódio I)
Quem foi que disse que o Brasil necessita de um Congresso bicameral com tantos deputados e senadores? Quem disse que nosso país tem que pagar um sustento vitalício para todas as famílias dos ex-presidentes, como rege a constituição? Porque o Brasil ainda elege indivíduos de má índole como seus representantes? Quem disse que a República Federativa do Brasil é a melhor forma para o Brasil? O quanto se gasta com a manutenção de qualquer república no mundo é notoriamente maior do que a manutenção das famílias reais da Ásia, Europa e Oceania. Um monarca é uma figura suprapartidária, um fator fundamental para eliminar corrupção. Uma única casa para o congresso é um dos fatores essenciais para se ajustar as finanças do país. Qual a razão de não podermos ter apenas um senado, ou uma assembléia nacional. Qual a necessidade de centenas de políticos, muitos dos quais sem expressão alguma, apenas recebendo mensalmente os seus vultosos salários e sem trabalhar de fato? Em vista de tudo isso, não seria natural desejar um “Palpatine Necessário” para o Brasil? Com toda certeza, há horas que desejo um golpe de estado, a volta da monarquia, ou uma revolta popular que mude a situação.
Necessitamos de um Otávio Augusto, necessitamos de um Juscelino, necessitamos de um “Palpatine Necessário”, alguém que possa fazer com que pelo menos as coisas melhorem e o povo possa confiar em suas instituições, mesmo sabendo que homem algum é a solução final para qualquer coisa, e que em algum instante, ele pode nos trair.
Que a Força esteja conosco; ou melhor: Que Deus nos ajude!
Originalmente Publicado no site: www.jedimaster.com.br, seção Colunas
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