No último dia 09 de julho, nasceu o mais novo país do mundo, honrando um acordo que foi firmado em 2005, o Sudão do Sul. Oficialmente, República do Sudão Meridional, o país veio a existir como nação independente, após um longo processo de autonomia para a região, conforme o Tratado Naivasha, celebrado em 09 de janeiro de 2005, em Nairóbi, Quênia. O tratado terminava com a Segunda Guerra Civil Sudanesa, entre o Governo (muçulmano sunita) e milícias islâmicas, que desejaram impor a Sharia (Lei Islâmica) sobre todo o país, e o Exército Popular de Libertação Sudanês, que defendia a causa dos cristãos e animistas do sul e a separação política, onde são majoritários.O tratado, além de acabar com a guerra entre o norte e o sul, que já havia a 21 anos, também concedia autonomia para a região sul do Sudão. Em 05 de dezembro de 2005, uma Constituição Interina foi criada e que previa, em 2011, um referendo popular que decidiria a manutenção do status da região, ou a sua independência. Neste referendo, mais de 98% da população votou pela independência. O referendo previa que a data para oficializar esta independência seria em 09 de julho de 2011. Nesta data, tomou posso o Presidente Salva Kiir Mayardit.
Presidente Salva Kiir Mayardit |
Este processo de independência é algo inédito em toda a história da África. Em um continente onde as fronteiras são artificiais, com o objetivo de manter os povos e tribos sem aspirações de se constituirem como estado, o Sudão do Sul nasce de um processo secessionista sem precedentes em uma ex-colônia, o que pode motivar ainda mais outras guerras civis e movimentos separatistas em outros países africanos, como Angola, Somália e Marrocos.
Bandeira do Sudão do Sul |
O Sudão do Sul conta com uma capital, Juba, cidade esta que concentra, no momento, a maioria dos orgãos do governo, e também por ser a maior cidade do novo país. O povo fala diversas linguas nativas, mas o inglês é o idioma oficial, e o árabe é muitíssimo falado em Juba e nos seus arredores. O país está dividido em dez estados, criados a partir das três regiões históricas do sul do Sudão. A população é de mais de oito milhões e duzentos mil habitantes e é composta por mais de 50 grupos étnicos.
Brasão de Armas |
O Sudão do Sul nasce já com um saldo tenebroso e ocupando quase o topo da lista das nações mais pobres do mundo. O clima de insegurança, medo e violência ainda permanecem. Só em 2010, 900 pessoas foram mortas e mais de 250 mil foram deslocadas de suas áreas, devido a ação milicianos. Como se não bastasse, o país passa pela sua pior epidemia de leishmaniose. Quase 80% do povo não tem acesso aos serviços básicos, inclusive os de saúde, e há grandes dificuldades de se conseguir alimentos e água potável. O país também conta com um exército de 92% de mulheres analfabetas, e não há energia elétrica para todos. O fornecimento de água é privado e por meio de caminhões, que enchem os reservatórios existentes. A locomoção no país também é um grave problema. Juba, a capitão, conta com poucas ruas pavimentadas e o país só tem estradas de terra. Milhões de refugiados estão voltando para a região, o que só agrava ainda mais a situação. Apesar do Sudão ter acatado o resultado do referendo, o país pode vir a sofrer futuras invasões, já que a única fonte de renda do Sudão do Sul são as jazidas de petróleo, e o Sudão detem os oleodutos e refinarias.
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