Apesar de existir uma possibilidade real deste artigo me render alguma crítica mais exaltada, decidi, por minha conta e risco, escrever sobre o tema Apologética Cristã, já que poucos conhecem de fato o assunto, ignorando seu conceito, propósito, prática e sua existência como parte integrante do Cristianismo e de sua pregação, recebendo muitas vezes um tratamento equivocado e muitos questionamentos que só revelam o desconhecimento a respeito do tema, no meio evangélico de hoje.
De modo geral, e isso eu pude constatar em minha própria congregação, muitos crentes nunca, ou quase nunca, leram ou ouviram falar, de forma apropriada, algo sobre a Apologética, ou Apologia Cristã. Deste modo, cabe a pergunta: O que é a Apologética Cristã? Serve para que propósito? Onde ela é aplicada?
É importante notar, em primeiro lugar, que a apologia da teologia cristã, também conhecida como Defesa da Fé, não é a crítica gratuita e agressiva a religião do outro, não é uma atitude de menosprezo pela crença alheia, e nem é uma forma de fazer "guerra santa" contra os demais credos e filosofias que, muitas vezes, ameaçam a fé cristã, atacando-a ou influenciando pessoas.
Por definição, "Apologia" é um discurso ou ação no sentido de justificar, defender ou louvar algo. Apologia é uma palavra de origem grega, ἀπολογία, que deu origem ao latim, apologĭa, e que, nos primeiros escritos cristãos do I ao III séculos, aparece para definir o que seria a "Resposta" cristã aos argumentos e ataques contra a fé em nosso Senhor Jesus Cristo e na proclamação do Evangelho. A palavra "Apologia" aparece na passagem encontrada na I Carta de Pedro, capítulo 3, versículo 15:
"Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder (apologia) a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês."
Deste modo, dentro do contexto da teologia e da eclesiologia, a Apologética Cristã é a capacidade de responder, com provas sólidas, coerentes e adequadas, sobre a Fé Cristã, diante das demais religiões do mundo, diante da filosofia, ciência e da própria sociedade. Seus argumentos se fundamentam na Escritura Sagrada, a Bíblia, mas também se fundamenta nos fatos históricos, visto que nem todos crêem na veracidade escriturística. Temos que ter em mente que o Cristianismo é uma religião de fatos, não de sentimentos, e estes fatos são históricos.
Também, ao se estudar a Apologia, descobre-se que ela é parte inseparável da Teologia. A apologia se serve da teologia para desenvolver seu plano lógico e sistema, em todas as questões de argumentação com relação a Fé.
A Fé Cristã é uma religião que, por natureza, exclui todas as outras religiões como verdadeiras e, por conseguinte, entra em embate com todas elas, aceitando apenas a si mesma. É neste embate de crenças, que a Apologética Cristã se apresenta como necessária, nascendo pela obrigação de se dar uma resposta ao inúmeros ataques ao Cristianismo e a mensagem do Evangelho, que se apresentam de forma variada. Em última análise, no estudo das Cartas do Novo Testamento, constatamos que elas foram escritas visando-se a Defesa da Fé Cristã, no intuito de corrigir erros teológicos e doutrinários, contra os ataques externos e internos, também.
A LÓGICA COMO FERRAMENTA DA FÉ
A apologia se serve de uma ferramenta muito importante: a Lógica.
Para defender a fé, a Apologética se utiliza da verdade, da razão e de fatos, de forma adequada, para apresentar seus argumentos, como dito antes. A apologia primeiro ouve, considera e analisa as objeções dos que fazem as críticas ao Cristianismo, e em seguida, faz os seus comentários, de forma forte e racional, dando resposta aos argumentos e questões levantadas. Esta é a metodologia cristã pela qual todos os pensamentos, concernentes a Fé, podem ser corrigidos, ou serem conduzidos a conclusões apropriadas, excluindo a forma secular e científica do princípio Tese-Antítese-Síntese, que não se aplica a Teologia Cristã, visto que esta não trabalha com múltiplas verdades. A Apologética argumenta de forma acentuada e racional nas questões sobre a existência de Deus e, de forma concreta e substancial, para as demais reivindicações da Bíblia. Ou seja, a Apologia atrai a razão humana para as evidências.
Obviamente que o argumento cristão nem sempre servirá e conseguirá convencer aos homem, e principalmente convertê-los, já que este trabalho é do Espírito Santo. A lógica não é o meio pela qual as pessoas se salvam, mas sim o Poder de Deus. Desta forma, o objetivo da Apologética no uso da Lógica não é a conversão, mas sim a remoção de entraves intelectuais que atrapalham uma pessoa em aceitar a pessoa de Jesus Cristo de Nazaré, como um personagem histórico e verdadeiro, como Salvador.
Uma constatação necessária é perceber que nem sempre a Lógica será eficaz em todos os casos de enfrentamento do Cristianismo com seus críticos e suas questões. A Lógica possui limites e não garante a sabedoria. A Lógica é insuficiente para provar todas as coisas relativas a Deus, e ela mesma pode ser utilizada para contestar a inspiração. Entretanto, a Lógica é de fundamental relevância para todo apologeta.
Nenhum argumento, e isto é evidente, pode ser isento de fraquezas e defeitos. Muitas respostas elaboradas por apologistas já foram refutadas por inimigos do Cristianismo. Entretanto, estes críticos nunca ficam sem respostas dos cristãos, e este processo terá sempre continuidade.
A APOLOGÉTICA COMO PARTE PRÁTICA DO EVANGELISMO
É fato inegável de que a Apologética e a Defesa da Fé se tornam cada dia mais importantes para a proclamação do Evangelho. Vale ressaltar que a apologia não serve apenas para defender a fé, mas também para anunciar o Evangelho, como meio indispensável. A Apologética desatrelada ao evangelismo é sem valor, e o evangelismo sem a Apologética se torna ineficaz, em muitos casos. A simples argumentação em favor do Cristianismo, sem visar a proclamação do Evangelho e do Plano de Salvação, se torna inútil. Portanto, a Defesa da Fé está atrelada a proclamação da mensagem de Cristo, sendo útil, quando aplicada de forma correta.
Muitos teólogos do século XX, agindo como profetas, vaticinaram o que se viu, sobretudo no final do século e nestes primeiros anos do novo milênio: o pensamento do homem moderno (hoje dito pós-moderno) está, quase que totalmente, tomado pelo Relativismo. Esta doutrina filosófica e ideologia político-social mudou o homem de tal maneira que, como nunca, a Apologia da Fé se tornou imprescindível para que as formas evangelismo revejam seus métodos e sofram mudanças significativas. É evidente a unidade entre a Apologética e a Proclamação.
Neste contexto, como seria possível se evangelizar eficazmente uma pessoa cujo relativismo moral, por exemplo, seja uma questão de valor, baseado em princípios lógicos da argumentação pós-moderna? A simples vivência da fé (exemplo cristão), diante destas pessoas, e o simples evangelismo serão sem efeito, pois as mentes das pessoas estão tomadas pelo relativismo. Se alguém não faz diferença entre certo e errado, por exemplo, não verá sentido na afirmação de que Jesus veio para morrer por seus pecados. "Que pecado?", retrucará. Nestes casos, é necessária a argumentação, mostrando que o homem é um ser moral, entrando aí, obrigatoriamente, a Apologia Cristã. Nestes momentos, é necessária a defesa de minha fé diante do argumento errôneo apresentado, mostrando as suas bases irracionais. Só assim, na atualidade, se evangelizará sem se ter a impressão de que se está falando para pessoas que não darão a mínima para o que se está dizendo.
Com esta esta constatação clara, é indispensável que os novos evangelistas - e os demais cristãos como um todo - sejam capacitados para a argumentação lógica, na apresentação do Evangelho para o homem atual. Infelizmente o que se percebe hoje em dia é que muita gente, dentro das igrejas, algumas com anos de fé, nem se quer sabem o que é a Apologética e a Defesa da Fé, ficando limitadas em sua proclamação pessoal e, muitas vezes, sendo confrontadas e acuadas diante de um argumento mais forte contra o Cristianismo. O teólogo de Princeton, J. Greshan Machen, autor do famoso artigo "Cristianismo e Cultura", afirmou:
"Idéias falsas são o maior obstáculo à aceitação do evangelho. Podemos pregar com todo o fervor de um reformador e ainda assim só conseguir ganhar uma alma aqui e ali se permitirmos que todo o pensamento coletivo da nação seja controlado por idéias que impedem que o Cristianismo seja visto como nada mais do que uma ilusão inofensiva."
Embora alguns argumentem que a verdadeira defesa da fé seja a materialização de Tiago 2: 18, e outros, tal qual a escola de pensamento Reformada Holandesa, de que a Apologética cristã seja um erro, ignorar que esta parte integrante da Teologia tem suas origens na Palavra, e nos exemplos contidos nela, são os maiores defeitos no discurso cristão ao abordar o descrente no ato da evangelização e da Proclamação. Em uma época de multiplas verdades e amoralidade (e imoralidade), os argumentos e a proclamação pura e simples, sem uma vida condizente com este discurso, pode sim soar hipócrita. Todavia, da mesma forma, exemplos passam a ser condutas piegas e moralistas, sem efeito sentimental, diante da avalanche de conceitos ideológicos de que a sociedade vem sendo doutrinada nos últimos vinte anos. Se mantivermos o raciocínio de que o testemunho cristão se limita aos atos, então, por definição, a proclamação é algo estranho a fé cristã, devendo todo palavra sobre a pessoa e a obra de Cristo, bem como toda exposição da escritura e da teologia, se calar. Se, neste ponto de nossa caminhada, já entendemos que a Apologética pertence a Fé Cristã, é parte da Proclamação do Evangelho, e foi geradora argumentativa das Cartas do Novo Testamento e, até mesmo, do Evangelho de Lucas e do Livro de Atos dos Apóstolos, não podemos, sob hipótese alguma, achar que o testemunho cristão substitui plenamente qualquer afirmação e resposta que a Fé possa fornecer. O desconhecimento da Apológética Cristã gera estes inúmeros equívocos, tendo quem fale dela sem saber nada a respeito, e concebendo um Evangelho fragmentado, baseado no sentimentalismo e na esperança de que as obras e martírio sejam unicamente eficazes para a transmissão da mensagem da Cruz.
A APOLOGIA NAS ESCRITURAS
Todo o Novo Testamento é recheado de passagens bíblicas nos mostrando Exemplos de fé, mas de Defesa desta Fé, chegando ambas a se confundir sobremaneira.
A começar pelo próprio Senhor Jesus Cristo, que não devemos temer atribuir-lhe o título de Maior Apologista do Universo, notamos que Ele usou da argumentação e da lógica como ninguém, ao se defrontar com as melhores mentes e pensadores do judaísmo do primeiro século. Se lembrarmos que o apóstolo João identificou Jesus como o Logos encarnado (Jo. 1: 1), somos obrigados a refletir que: Para os gregos, logos, se refere a sabedoria, lógica, e racionalidade. A expressão foi usada para descrever a personificação de toda a Palavra, Sabedoria, e Conhecimento, a plenitude de Deus, encarnada no homem. Jesus era a o Verbo Racional de Deuscomunicando ao homem toda a Verdade. Jesus é divino e humano, e como humano, ele apresentou-se como uma pessoa sábia e racional, argumentando com outros seres humanos, cativando os ouvidos e sem fugir a arguição teológica.
Jesus não foi um filósofo e apologeta, no sentido de ser um fundador e criador de um sistema filosófico. Jesus, ao argumentar, se utilizava da revelação de Deus na Torá e na sua própria revelação. É notável, inclusive, que os ensinos de Jesus cobrem os principais tópicos e questões da filosofia. Jesus, como um verdadeiro apologista, defendeu a verdade de Deus, a revelação na Bíblia Hebráica, tanto quanto seus próprios ensinos e revelação, interpretando e ensinando a Torá.
Humanamente, o pensamento de Jesus era perspicaz, preciso e muito claro. Como cristãos, não apenas devemos crêr em seus ensinamentos, mas devemos imitá-lo em tudo. E se a imitação de Cristo é uma prática cristã, fecha-se o ciclo, e nos deparamos com a obrigação lógica de sermos apologéticos.
A Lógica de Jesus não lhe servia para ganhar batalhas contra os intelectuais judeus que frequentemente vinham lhe tentar, testar, questionar e desafiar. Seu objetivo era, ao falar, revelando a verdade de Deus, suscitar o entendimento e a compreensão de seus ouvintes e discípulos. Argumentar que Jesus baseou todo o seu ministério exclusivamente na Fé, é concordar com o filósofo ateu, Michael Martin, que dizia que Jesus não priorizava a razão e a aprendizagem, não sendo nenhum exemplo de virtude intelectual importante. Em bom exemplo da argumentação e lógica de Jesus pode ser vista no Evangelho de João, capítulo 7, do versiculo 14 até o 31.
Teologicamente inferimos da escritura o ensino da Apologia, como parte do integrante do testemunho cristão e da pregação do evangelho, principalmente em dois textos principais: I Pedro 3: 15, anteriormente citado; e Judas 3, 4.
Começando pela última referência, Judas escreve:
"Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo."
Judas, após fazer a sua introdução, escreve sobre o propósito da carta, alertando os crentes sobre problemas que estavam sobre a igreja, principalmente as comunidades judaico-cristãs, a qual a carta parece ser primeiramente destinada. Que problemas? O problema era a presença e ensinamento de falsos mestres, pastores e líderes nestas comunidades, dissolvendo doutrinas apostólicas sobre a Graça de Deus, levando os crentes ao pecado.
Judas adverte, desde o início, e dando um tom como se fosse uma ordem militar, para que, em contrapartida as ações dos hereges, tais crentes batalhassem pela fé, de forma deligente, preservando a mensagem apostólica, oração, e vivendo em amor fraternal e santidade, em uma oposição clara aos hábitos dos impuros.
A carta é clara quanto a necessidade de cada crente se esforçar em batalhar pela fé, e isso não é feito de outra forma senão pelos meios orientados pelo autor. Para se preservar a fé, a mensagem dos apóstolos, é necessário que haja conhecimento desta verdade. Como se preserva a fé sem conhecê-la? Impossível. E é no estudo das Escrituras e na Mensagem do Evangelho que se obtem o conhecimento necessário ao ponto de se rebater o falso ensinamento com toda a autoridade. Aqui reside, o fundamento da Defesa da Fé, da Apologética Cristã.
No original grego a expressão, epagõnizesthai (επαγωνιζεσθαι), que é traduzida pela conjugação "batalhardes", significa "lutar de forma intensiva". Esta expressão tem um tom com se fosse uma ordem de um comandante aos seus soldados, inplicando que, o inimigo na pessoa dos libertinos, está atacando a fé e as verdades centrais. Cabe ao crente defendê-las. Uma tradução a partir do grego moderno nos dá uma perspectiva mais clara sobre a interpretação desta passagem de Judas 3:
Αγαπητοί, αν και ήμουν πολύ πρόθυμος να σας γράψω για τη σωτηρία μοιραζόμαστε, ένιωσα ότι είναι απαραίτητο να γράψω για να τους επιμένοντας ότι υποστηρίζουν την πίστη για μια για πάντα ανατεθεί στους αγίους.
"Amados, embora estivesse muito feliz em escrever-vos acerca da salvação que compartilhamos, senti a necessidade de escrever-lhes insistindo que vocês apóiem a fé que uma vez por todas confiada aos santos. "
Ao estudar sobre o assunto, e ler sobre as possíveis traduções para o português da espressão επαγωνιζεσθαι, descobri que neste contexto, pode-se empregar as palavras, além do verbo apoiar: discutir, argumentar, combater, contender eficazmente, e por fim, batalhar, que é a tradução mais comum para o português. Trazendo o fato de que a expressão está intimamente ligada, por definição, ao que se entende por Apologia, como se verifica aqui, notamos que o texto se torna por demais elucidativo, quanto a Defesa da Fé.
Já na passagem de I Pe. 3; 15, temos:
"Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós."
Não voltarei a tratar do texto original, visto que já o fiz no início deste artigo, dando-nos base suficiente para entender que a palavra apologia, que foi traduzida por responder, está indicando diretamente o discurso e a argumentação em forma de defesa.
Pedro orienta que os crentes estejam sempre preparados para dar explicações e exposições da razão de nossa fé, expor a lógica da fé cristã, fazer a verdadeira Defesa da Fé, ou Apologética, para aqueles que nos questionarem. Para tal, é de extrema necessidade que os crentes tenham familiaridade com a Bíblia, tenha uma vida devocional, meditação e leitura, sem a qual se é derrotado pelos argumentos e perguntas. Infelizmente, o que se nota hoje em dia é que os crentes, em número crescente, estão lendo muito pouco. Não só a Bíblia está sendo deixada de lado, como também bons livros de teologia ou de edificação estão ficando encostados nas prateleiras. São raros os crentes, de quinze anos para cá, que tenham lido a Bíblia toda, revelando uma ignorância quanto a muitos aspectos da fé. Muitos não sabem mais como interpretar um texto bíblico, usando o mínimo de ferramentas da hermenêutica para uma boa exegese. O pior de tudo é que muitos dos tais, que chamo de analfabetos bíblico-funcionais, se arvoram em serem pregadores, líderes, pastores e obreiros.
O contexto do capítulo 3 desta carta trata da continuidade de um raciocínio que Pedro vem desenvolvendo desde o capítulo anterior. Pedro fala da prática da santificação e da vida exemplar do crente diante das autoridades e dos não-crentes, diante dos patrões, na relação entre marido e mulher, e na prática do amor fraterno. Ao concluir a sua exposição da idéia inicial, ele nos surge com a pergunta básica sobre as consequências da vida de santidade diante dos homens: "Quem irá nos fazer mal se formos praticantes do bem?" (v.13). Esta é uma verdade que não pode nos escapar. Se fizermos o que é bom, o mal não receberemos em troca. Mas se ainda assim viermos a sofrer por causa do bem que fazemos (v.14), e esta não é uma possibilidade remota, nos sintamos privilegiados, ao participar dos sofrimentos de tantos outros cristão e dos apóstolos, bem como de Cristo. Deus não nos abandonou, em face a todas as adversidades.
É neste pano de fundo que o versículo 15 se torna ainda mais claro, já que apesar das perseguições, devemos santificar a Jesus em nossas vidas (mantendo o padrão dos fiéis), e estando sempre prontos para, se formos levados perante os tribunais, ou perante as autoridades, ou ainda questionados por outros sobre a nossa fé, argumentar e expor as razões pelas quais cremos no que cremos, com toda mansidão e amor, falando da esperança que há em nós. Aqui também reside a Apologética em sua mais excelente execução.
Além destas passagens, encontramos vários exemplos de exposições e defesas do Cristianismo por parte de personagens bíblicos do Novo Testamento. A primeira pragação de Pedro, logo após a Descida do Espírito Santo, foi uma exposição do Evangelho simples, mas totalmente embasada na verdade da Escritura, e com uma precisão teológica que atingiu a mente jud[áica dos ouvintes (At. 2: 14 - 36).
No capítulo 3 de Atos dos Apóstolos, Pedro prega mais uma vez depois da cura de um coxo no templo, e é preso por isso. No dia seguinte (capítulo 4: 5 - 22), Pedro e João são levados ao Sinédrio para serem arguidos pelos sacerdotes e demais autoridades do povo. Mais uma vez, Pedro fala ousadamente em seu discurso.
Um dos mais célebres e lindos discursos, uma pérola da Apologética Cristã, está no capítulo 7. No capítulo anterior, logo após a instituição do diaconato na Igreja, Estêvão é descrito como alguém cheio da Graça e do Poder de Deus, realizando sinais e milagres (At. 6: 8 - 15), e que fora alvo de um grupo de judeus que discutiam com ele, perdendo todas os debates, vencidos pela sabedoria do diácono e a ação do Espírito Santo. Por esta causa, Estêvão é levado para o Sinédrio, onde foi acusado falsamente de falar contra Moisés, o Templo e a Lei. Tendo-se dado a ele o direito de defesa, Estêvão faz um dos discursos mais lindos do Novo Testamento e a pregações mais longamente registradas em Atos (vv. 1 -53). Esta defesa lhe custou a morte por apedrejamento.
Outro exemplo da prática da Apologética no Novo Testamento, é o Discurso de Paulo no Areópago de Atenas. O Apóstolo Paulo chega na famosa cidade grega e encontra um lugar repleto de religiosidade e idolatria. O capítulo 17 de Atos registra que Paulo "dissertava" na sinagoga local entre os judeus e gentios convertidos todos os dias. Além da Sinagoga, Paulo se faz presente na praça da cidade, de onde se divulgava todas as notícias e de onde os filósofos debatiam e ensinavam. Na praça, Paulo foi participante de calorosos debates com os filósofos estóicos e epicureus, causando a reação curiosa do povo em volta. A repercussão em na cidade foi tão grande, que ninguém mais falava de outro assunto, senão Paulo e a sua nova mensagem. Paulo é convidado para o Areópago, local na praça onde os magistrados julgavam as causas máximas e as autoridades controlavam a moral e a vida religiosa de Atenas, para fazer uma exposição clara de sua doutrina (confira At. 17: 16 - 34).
No Areópago, Paulo, apesar de revoltado com a idolatria ateniense, ele se utiliza de clássicas táticas de debate e apologética, ao demonstrar conhecimento da cultura local (passou alguns dias na cidade observando tudo, o povo, a religião e onde as coisas aconteciam). Paulo utiliza o fato de haver um altar dedicado ao Deus Desconhecido, para iniciar a construção de sua defesa e exposição. Paulo também fez uso de citações de poetas gregos, como Epimênides, Cleantes e Arato. Diga-se, de passagem, que Epimênides (600 a.C.?), é responsável direto pela cosntrução do altar ao Deus Desconhecido, em um episódio em que foi lembrado como um dos poucos gregos monoteístas de sua época. O exemplo de Paulo em Atenas é um forte motivador para nos impulsionar ao estudo e preparação, com vistas a melhor responder a quem nos pedir respostas. Paulo, além de versado em todas as coisas relacionadas ao seu povo e ao judaísmo, também revelou-se conhecedor da cultura de sua época, brilhante orador, e notável debatedor.
Outros exemplos que temos são: 1) a defesa de Paulo perante o povo de Jerusalém após ser preso (At. 22: 1 - 21); 2) A defesa de Paulo perante Félix ao ser acusado por Ananias e Tertúlio (At. 24); e 3) A defesa de Paulo perante Festo e Agripa II (At. 26).
Estes são apenas alguns exemplos bíblicos da prática da apologética no Novo Testamento que, contudo, para alguns é ainda insuficientemente meritório para que se faça qualquer inferência sobre a Defesa da Fé, a despeito de que tais exemplos e textos mais claros, sejam indiscutivelmente suficientes em si mesmos. É a pura teimosia.
Também recomendo a compra e leitura desta obra: "Manual de Defesa da Fé - Apologética Cristã", de Peter Kreeft & Ronald K. Tacelli, Editora Central Gospel.
Também veja, para consultas, as seguintes referências sobre Apologética Cristã:
CHAPMAN, C. Cristianismo: a melhor resposta. São Paulo: Vida Nova, 1990.
EDGAR, William. Razões do Coração: Recuperando a Persuasão Cristã. Brasília: Refúgio, 2001.
KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã.
SIRE, James. O Universo ao lado. São Paulo: United Press, 2001.
SPROUL, R. C. Boa Pergunta. São Paulo: Cultura Cristã.
ZACHARIAS, Ravi. Pode o homem viver sem Deus? São Paulo: Mundo Cristão, 1997.
Meu prezado amigo, vim parabenizá-lo pelo seu estudo. Está muito bom, em muitos aspectos. Não somente isso, mas, principalmente, vim desejar-lhe muita sorte nesta caminhada que você decidiu percorrer. Que o Senhor seja contigo, te guardando de todo mal, sua mente, seu coração, sua vida, e te fazendo brilhar sua luz neste mundo de trevas. Você sempre terá o meu respeito, amado irmão.
ResponderExcluirSamuel Sardon
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