Por Demetrius Farias
Semana passada eu li a matéria que saiu na Revista Época, deste mês de agosto (nº 638, de 07/08/2010, você pode ler aqui.), mas só fiz isto por dois motivos. O primeiro pela curiosidade sobre o que a Editora Globo diria a respeito dos crentes. O segundo motivo, foi para ver o que os pastores e líderes evangélicos estariam falando, que gerou muitas críticas por parte de alguns seguimentos protestantes no Brasil e de algumas personalidades, como o blogueiro Julio Severo, que possui uma produção bastante volumosa e que vez por outra eu publico alguns de seus artigos aqui.De modo mais amplo, eu achei a matéria muito interessante, pois ela trouxe uma perspectiva sobre o protestantismo que atualmente os brasileiros não possuem, em virtude da recente imagem construída sobre os evangélicos do país, com base apenas nos escândalos envolvendo líderes neopentecostais, a bancada evangélica no Congresso Nacional e os modismos e heresias propaladas por líderes carismáticos ávidos por subir ainda mais em uma hierarquia eclesiológica que, se não tomarmos cuidado, culminará no Primeiro Papado Evangélico (misericórdia). No entanto, em uma análise mais acurada, a Revista Época não fala de algo novo, como sua capa sugere. A crítica, na voz de alguns dos líderes entrevistados, como Ed René Kivitz, Ricardo Gondim, e Robinson Cavalcanti, entre outros, não traz nada de novo. Ao leitor desavisado, que conhece os evangélicos e protestantes como sinônimos de Igreja Mundial, R. R. Soares, Universal e Apóstolo e Bispa Hernandes, irão achar que o protestantismo brasileiro está passado por crise e ares de mudança. Mas a verdade é que o discurso dos tais reclamantes, como classifica Caio Fábio Filho, citado inclusive na matéria, é mais antigo do que se pensa. A reação ao movimento Neopentecostal existe desde que este surgiu no Brasil, vindo dos EUA, e com a famigerada e destrutiva Teologia da Prosperidade. Não é de hoje que os protestantes históricos e pentecostais tradicionais (batistas, presbiterianos, Assembléia de Deus, metodistas, etc.), denunciam os abusos teológicos e heresias pregadas por igrejas neopentecostais, contra a moral duvidosa de seus líderes e o sincretismo religioso que se vive em tais seitas, com fim de atrair mais adeptos, a chamada "macumba evangélica", praticada principalmente pela Universal do Reino de Deus e suas irmãs gêmeas.
Porém, em se tratando "Mídia Global", todo cuidado é pouco. Nota-se que a matéria usou da seguinte filosofia napoleônica: Dividir para Conquistar. Ou seja, não é novidade para ninguém que, ao atacar as igrejas neopentecostais (que na cabeça do populacho resume todos os evangélicos), a Globo quer na verdade é soltar mais uma flecha nas costas da Rede Record. Outro objetivo, que é mais implícito, porém, não menos danoso, é aproveitar a oportunidade e colocar a opinião pública, a favor de medidas contra os evangélicos brasileiros, usando os próprios evangélicos.
A matéria, de um modo geral, mostra que o padrão e conceito de protestantismo no Brasil é o do atual movimento liderado pela Igreja Universal. No entanto ela pouco se esforça em diferenciar os tais neopentecostais dos tradicionais, deixando uma dúvida na cabeças dos leitores, ou na pior das hipóteses (e este é o efeito maior) apenas reforma a péssima imagem que temos no país nestes tempos. Isso é tão verdade, que gerou os comentários do pastor presbiteriano, Rev. Augustus Nicodemus Lopes, também citado na matéria e que escreveu um comentário em seu blog, e que pode ser lido aqui: http://tempora-mores.blogspot.com/2010/08/novos-evangelicos.html
Outra reação veio do Pr. Ricardo Agreste, que foi amplamente citado, deu entrevista e sua congregação foi mencionada como uma das atuais "Novas Igrejas", que aboliram o dízimo e retiraram da liturgia a coleta de ofertas, atitude enfatizada na revista e com nítida ovação. Todavia, o referido pastor presbiteriano também já se manifestou e esclareceu que a edição da revista cortou partes de sua entrevista e publicou apenas o que lhe interessava, mudando e omitindo o que lhe convinha. Agreste, pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera, questionado sobre isso, já esclareceu que não aboliu "coisíssima nenhuma" o dízimo, mas que apenas orienta que os mesmo sejam entregues na secretaria da igreja, ou depositados em conta. Ou seja, a Época publicou o que quis. Qual o motivo?
Até mesmo de onde eu não esperava, veio uma reação. Caio Fábio, em seu programa, dá um esculacho em alguns dos entrevistados, sem citar nomes, mas que podemos deduzir quem sejam, já que alguns deles tiveram mais atenção da matéria, contendo até fotos. Vejam aqui o vídeo:
Muito embora Caio Fábio discorde da matéria em nível pessoal, ele faz coro com os demais ao dizer que não há nada de novo. Apenas o velho está sendo mostrado como novo para os leigos no assunto.
Outro aspecto negativo da matéria foi a exaltação a outra face do protestantismo atual. Ao passo que a Época ataca os bispos, apóstolos, paipóstolos, arcanjos, patriarcas e outras invencionisses hierárquicas, bem como das marmotas macumbáis para tirar encosto dos fiéis, em nome de "Gizuz", como diria meu amigo Danilo do blog Genizah, ela passa a exaltar o oposto igualmente mau. A abolição do dízimo e o discurso anti-tradicional dos entrevistados, demonstra que esta tendência dos supostos "novos evangélicos" é de uma teologia estranha ao Verdadeiro Evangelho. Igreja Emergente, Orgânica, Evangelho Social, e outros modismos recentes, só apontam para propostas que mutilam a mensagem contida no Novo Testamento. Com a proposta de ser um resgate do cristianismo primitivo, tais movimentos tem em seu bojo uma teologia recheada de socialismo e marxismo, aparentada a Teologia da Libertação (movimento católico-socialista dos anos 70), e que muita agrada o governo e as atuais candidaturas de esquerda. Estes movimentos também contém muita teologia liberal, neo-ortodoxia, revisionismo e propostas de "descronstrução" da tradicional interpretação da Escritura em prol de uma teologia mais aberta e tolerante. Estes movimentos são o alvo das críticas de Julio Severo, que também comentou o artigo da Época, e que havia "cantado a pedra" tempos antes, sobre a atual postura de alguns dos entrevistados. Você pode conferir aqui: Revista Época fala sobre novos evangélicos: balelas e besteiróis / Evangélicos progressistas, evangelicais ou encaPeTados?. Outros denunciantes podem ser vistos aqui: Tsunami: Carta Aberta a Ricardo Gondim / Resistência Protestante: Lutando Contra a Secularização da Igreja, onde se pode ler artigos contra esta "nova onda" de Teologia Relacioal, Neo-Ortodoxia, Liberalismo, e outras correntes nefastas. Todas são velhas heresias, contextualizadas e com roupagem moderna.
A repostagem de Ricardo Alexandre, autor da matéria, embora não seja nenhuma apologia a estas correntes, em minha opinião, até pelo fato de acreditar que ele não sejam nem um pouco versado no contexto protestante de forma mais aprofundada a este ponto, ele acaba por contribuir com a divulgação dos citados movimentos. Se de fato a reportagem abriu o espaço para revelar que há um profundo descontentamento com os rumos do Evangelho no Brasil por parte de "protestantes velhos e novos", então que se grite a denúncia contra o neopentecostalismo e o Evangelho Marxista, Pós-Moderno e Liberal. É a hora da Verdadeira Reforma Protestante, herdada do século XVI, e vivente por meio de Cristo em sua Igreja Invisível, e visível através das comunidades cristãs reformadas e protestantes históricas, cumprir seu chamamento e denunciar os abusos dos Neopentecostais, bem como as heresias dos ditos "Novos Evangélicos".
Nota: Quero fazer menção honrosa ao irmão Rani Rosique, ao Irmão Pr. Ricardo Agreste, ao Rev. Agustus Nicodemus, e tantos outros citados na matéria e que não posso lembrar agora de cada nome, mas que não compartilham do Hall de Hereges entrevistados e que sabidamente tem aderido a teologia liberal, neo-ortodoxa e a chamada ortodoxia generosa.
Dema, eu gostei mto do que vc escreu aqui sobre essa reportagem, eu particularmente não li e não leio essa revista.
ResponderExcluirmas gostei do seu posicionamento com relação a ela.
Que o Senhor continue a te usar através desse meio, pra q outras pessoas saibam do que realmente se trata uma vida cristã de fato!
e abaixo esse povo q só fala besteira em nome de Deus.
Beijinhos. Lou
Muito coerente o comentario, depois de ler o artigo tive os mesmos pensamentos que esses que você escreveu......a globo critica essa linha neopentecostal e sua teoria da prosperidade mas apoia as igrejas que aceitam o homosexualismo e tudo mais, mas não se deparam que essas duas linhas de pensamento são irmãs gêmeas siamesas.
ResponderExcluirAbraço Lucas Br