Em Star Wars há algumas coisas que acho muito curiosas. Enquanto aqui na Terra usamos esteiras e rodas para nos locomover em terra, e em um passado próximo, animais, em Star Wars estas tecnologias estão presentes em alguns veículos. A maioria dos transportes terrestres utiliza a tecnologia dos "repulsorlifts". Mas há uma forma de locomoção terrestre que nos surpreende na Galáxia, a locomoção com pernas mecânicas. E ao se falar de veículos que se locomovem com pernas, logo nos vem a mente os gigantescos AT-ATs Imperiais que devastaram as tropas rebeldes na famosa Batalha de Hoth, ou os ameaçadores AT-STs que massacraram sem piedade, os pequenos Ewoks na Lua Florestal de Endor.
O AT-AT, sigla de All Terrain Armored Transport, em Galactic Standard Basic, foi um dos veículos mais terríveis já projetados e construídos, tanto pela República, como pelo Império Galáctico. A visão destes veículo entrando no campo de batalha fazia com que muitos temessem por suas vidas. A versão imperial foi projetada para levar tropas para dentro do território inimigo. Na Batalha de Hoth, o Império empregou AT-ATs aperfeiçoados e com poderosa blindagem, que foram comandados pelo general Maximilian Veers. Esta batalha, apesar de ter representado uma Vitória de Pirro para o Império, entrou para a história como uma das mais humilhantes derrotas da Aliança Rebelde, e isso graças aos AT-ATs da Blizzard Force.
A Arma:
O Transporte Armado para Todo Terreno foi criado para ser uma arma intimidadora, embora sua função primária também seja transporte de tropas. Isso não significa que seu armamento e blindagem fossem inferiores ou não-correspondentes ao seu status de "monstro amedrontador". Ele foi uma parte importante do Exército Imperial, tinha uma velocidade lenta, mas compensava esta deficiência na sua altura, armadura e sistema de armas.
O AT-AT era uma gigantesca arma de guerra, que se locomovia por meio de pernas mecânicas e possuía 22,5 metros de altura. Alguns dizem que o AT-AT lembrava muito antigas bestas de guerra, destinado ao transporte de veículos e tropas para dentro do campo inimigo e para desmoralizar o exército rival. Seu papel era servir como infantaria mecanizada, choque, transporte e artilharia auto-propelida. Por sua capacidade de intimidar os inimigos, geralmente o AT-AT era o primeiro veículo a ser utilizado na zona de combate.
A cabine de comando do AT-AT ficava em uma "cabeça" que se movia como a cabeça de um animal, dando amplo campo de visão para a tripulação. Na cabine havia postos para um piloto, um artilheiro e um oficial comandante, embora não fosse um espaço exíguo. Na seção de comando do AT-AT se abrigava todo o sistema de armas do veículo, além de um sistema de identificação holográfica, que permitia aos artilheiros visão total do campo de batalha. A cabine também contava com um sistema de holo-projetor, para fins de comunicação. Na dianteira da cabine, havia uma ampla janela com vidros blindados em tom de vermelho. Esta cabeça tinha a capacidade de se mover em 90 graus para a direita e esquerda, e trinta graus para cima e para baixo. A cabeça ficava ligada ao corpo do AT-AT por um "pescoço" flexível e fortemente blindado, que servia como túnel.
Na seção de carga e transporte, ficavam dois oficiais de convés. Esta seção poderia transportar até cinco speeder bikes. Dependendo da configuração interna, um AT-AT transportava 40 soldados ou mais, além de armamento pesado, como canhões repetidores. Eventualmente, um AT-AT poderia transportar até dois AT-STs parcialmente desmontados, em uma baía traseira. Havia alojamentos nas laterias do corpo do AT-AT, com escotilhas de escape, na parte traseira uma área para vestiário e preparo de tropas, e no centro, uma plataforma para embarque e desembarque. Caso apenas alguns poucos soldados necessitassem entrar ou sair do veículo, cabos de rapel poderiam ser utilizados.
Na parte inferior do corpo, ficavam dois enormes motores compactos de acionamento de fusão (KDY FW62), que eram responsáveis por impulsionar o AT-AT, movendo suas pernas fortemente blindadas e armadas, a uma velocidade de até 60km/h (para a frente) em terreno estável e plano. Na parte traseira ficava conectado aos motores, três tanques de combustível e um sistema de suporte de vida. Os pés do andador são feitos de durasteel, com sensores de terreno, o que permitia-o esmagar obstáculos no caminho em esforço, além de lhe conferir estabilidade em terreno acidentado. Entretanto, as pernas do AT-AT necessitaram de constantes manutenções e inspeções. Seu andar era resoluto e fazia o chão tremer.
Seu sistema de armas era formidável. Sua capacidade ofensiva estava em dois canhões blasters pesados, modelo Taim & Bak MS-1, montados no queixo do AT-AT, para abater alvos mais lentos, maiores e mais pesados. Um segundo par de armas (dois repetidores blasters médios) ficavam montados nas laterais da cabeça, um em cada lado, destinado a alvos menores, mais ágeis e leve. Os dois sistemas de armas podiam trabalhar de forma independente, de modo que alvos múltiplos poderiam ser atingidos. Quanto a sua armadura externa, ela era de durasteel e praticamente imune a quase todos os tipos de armas de infantaria. Seu ponto fraco era o seu pescoço, flexível, cuja blindagem era forte, mas muito inferior se comparada ao restante. Era suscetível a algumas rajadas de blasters leves. As pernas também eram um ponto instável, se bem explorado. Caso o AT-AT viesse a cair no chão, ele ficava totalmente indefeso. Outro ponto fraco de sua blindagem era o ventre, que quase não possuía defesas, sendo suscetível a armas leves e lançadores de misseis portáteis, que poderiam abrir um buraco - muito embora poucos tenham tido coragem de arriscar a vida e ir de encontro a um AT-AT até ficar debaixo dele, sem que antes fosse visto e morto. Para evitar esta deficiência, os AT-STs eram posicionados nos flancos do AT-AT, para dar suporte efetivo.
Os AT-AT era posicionados no campo de batalha para o ataque de infantaria. Eram desembarcados de naves na órbita do planeta como destróieres ou encouraçados estelares, como o Executor ou o Avenger. Eram levados para a superfície a bordo de barcaças como o Y-85 Titan ou o Classe Theta.
Das variantes do veículo, muitos foram projetadas a partir do projeto padrão. Na Batalha de Hoth (3 ABY), os AT-ATs eram adaptados ao frio, com sistemas especiais de aquecimento. Também havia uma versão adaptada ao deserto, com sistema de dissipação de calor. Um outro modelo possuía um canhão de íons de longo alcance montado no chaci, e um "primo aquático", o AT-AT Nadador, era equipado como um Repulsorcraft, que o fazia levitar sobre a água e dispensava as pernas, além de ser também um submarino. Este modelo em específico foi um desenvolvimento tardio, já no período do Segundo Império Galáctico.
AT-ATs em Jabiim (21 BBY), a primeira geração de andadores. |
Durante o Império, o conceito é resgatado e totalmente incorporado ao Exército Imperial. Os últimos modelos da primeira geração são empregados na Batalha de Orion IV (meses antes da Batalha de Yavin, em 0 BBY). Após Yavin, o Major General Maximilian Veers valorizou o uso do AT-AT, sendo responsável pelo desenvolvimento da segunda geração do veículo. Pouco antes de 3 BBY, o projeto final do AT-AT de Veers estava quase concluído. Com o protótipo batizado de Blizzard 1, Veers e Vader atacam os rebeldes zaloriianos, que haviam declarado sua união à Aliança Rebelde. Os novos AT-AT contavam com melhor blindagem e superaram as dificuldades e vulnerabilidades dos AT-AT originais.
Em Boz Pity, um AT-AT foi utilizado, mas a maior e mais famosa atuação destes veículos, foi a Batalha de Hoth. Quando o próprio General Veers comandou o assalto contra a Base Echo dos rebeldes. Veers utilizou os AT-AT para avançar sobre o Gerador de Escudo da base e destruí-lo, além de dizimar as trincheiras rebeldes. Porém, uma habilidosa estratégia de Luke Skywalker foi capaz de neutralizar um dos AT-AT, enredando as pernas com cabos de reboque.
Um AT-AT em Endor, pouco antes da famosa batalha |
Paralelos:
Ao falarmos do AT-AT, nitidamente estamos falando de um tanque de guerra e um veículo de transporte de tropas. Obviamente, não existe em nosso mundo algo semelhante a um AT-AT, o que dificulta qualquer comparação mais imediata, como de costume. Podemos dizer que o AT-AT é uma junção de três ou mais veículos de guerra e, de certo modo, estes paralelos tem origens em um passado distante.
Embora, diante de tudo o que já escrevi na série Meios de Guerra, nada ainda tenha sido comparado a uma arma antiga, para tudo existe uma primeira vez. E ainda mais inusitado para os meus leitores é ver que um animal serviu de inspiração para a criação de um dos ícones de Star Wars. O primeiro paralelo com o AT-AT são os antigos Elefantes de Guerra.
Pela Força, Darth Metrius! Agora você forçou - diriam alguns. Na verdade eu não forcei absolutamente nada. Se observarmos bem, e relembrarmos como foi concebido a criação do AT-AT pelo pessoal de George Lucas e da ILM, vamos lembrar que o movimento do AT-AT foi criado com base no estudo da caminhada dos elefantes. Alguns elefantes foram observados para fins de captura de movimentos de grandes quadrúpedes, que se encaixavam com o perfil do AT-AT. Nesta fase, os elefantes eram os candidatos com a melhor silhueta para fazer isso.
Esta foi uma das primeiras referências para os AT-AT, que se observarmos bem, parecem muito com elefantes, quando notamos o seu caminhar. Mas como todo AT-AT, era para ser uma arma de guerra formidável, além de um veículo de transporte, somos obrigados a buscar algo semelhante na história militar mundial que se enquadrasse no perfil do AT-AT, e eis o que surge: o Elefante de Guerra.
Os Elefantes de Guerra eram armas, na história militar, que remontam à Antiguidade. Foram usados em várias batalhas até o século XVIII, onde se tem os últimos registros históricos destes animais em combate. As espécies que foram empregadas para uso militar foram o Elefante Indiano (ou asiático, Elephas Maximus) e duas subespécies já extintas, o Loxodonta Africana Pharaoensis, que habitava o Egito Antigo e a Núbia, e o Elephas Maximus Asurus, ou Elefante-Sírio, que foi extinto por volta de 100 a. C.
Estes animais eram treinados para não sentir medo de ruídos altos, e tinham suas presas afiadas. Eram armados com couraças e proteções nas patas para que se evitasse que fossem jarretados. Os exércitos indiano, persa e cartaginês fizeram bastante uso dos elefantes.
Antes dos gregos e macedônios conquistarem o Império Persa, nenhum europeu tinha visto um elefante até então (apenas os egípcios, líbios, indianos e seus respectivos vizinhos tinham conhecimento da existência do animal). Alexandre III, o Grande, foi o primeiro europeu a utilizar elefantes de guerra em campanhas militares, após vencer o rei Porus, o Raja de Paurava, na Batalha do Rio Hidaspes (326 a.C.).
Outros grandes líderes militares que utilizaram os elefantes de guerra foram Pirro, rei do Épiro, e o general cartaginês, Aníbal. Pirro, que moveu guerra contra Roma (280 - 275 a.C.), foi quem levou os elefantes de guerra para a Itália. Na famosa Batalha de Heracleia (280 a.C.), Pirro, na liderança de um exército de 31.500 homens de infantaria, 4.000 unidades de cavalaria e 20 elefantes, no auge da batalha, enviou sobre as legiões romanas, os gigantescos animais. Os romanos nunca haviam visto aquilo antes, e não acreditavam que aquelas criaturas eram animais. Diz-se que alguns achavam que os elefantes eram seres demoníacos, ou entidades enviadas pelos deuses para auxiliar Pirro. O fato é que os elefantes semearam o pânico entre os romanos, quebrando sua formação de batalha, e desmoralizando o exército, que fugiu. No ano seguinte, na Batalha de Ásculo, Pirro venceu mais uma vez os romanos. Nesta batalha, os romanos haviam aprendido sobre os elefantes, e equiparam seus carros com dispositivos anti-elefante. A contra-medida durou pouco tempo, já que os arqueiros e lanceiros de Pirro destruíram os carros, e os elefantes fizeram o resto, destroçando as fileiras romanas. Embora Pirro tenha vencido a batalha, seu custo foi muito elevado, daí a expressão "vitória de Pirro" ou "vitória pírrica".
Elefantes de Guerra eram armas sensacionais para sua época. Seu principal objetivo era atacar a infantaria inimiga, quebrando sua formação e pisoteando os soldados. Seu efeito psicológico sobre o moral das tropas era máximo. Os inimigos, apesar de se prepararem para combater os animais, sempre receavam ser pisoteados e esmagados como frutas, enquanto que o outro exército sentia seu vigor renovado, pois a presença dos elefantes causava euforia, como se as forças da natureza lutassem em seu favor. Alguns animais eram equipados com torres ou cestos nas costas, onde arqueiros podiam dispara contra seus alvos, lanceiros e soldados com alabardas também tinham uma posição privilegiada. Alguns comandantes também usavam o animal como transporte e arma, o que lhes dava uma visão privilegiada do campo de batalha. Há casos em que, em épocas mais recentes, torres foram equipadas com um canhão e um artilheiro, além de soldados com mosquetes e outras armas de fogo.
Originalmente usados na agricultura, desde 4.500 a.C., não se sabe ao certo quando os elefantes foram empregados como armas, mas seus registros hindus datam o uso do elefante como transporte a partir do final do segundo milênio antes de Cristo. Seu sucesso em batalha perdurou até o século XV, com o uso extensivo da pólvora e das armas de fogo. O advento do canhão foi preponderante para a retirada dos elefantes na frente de batalha. Por fim, o Elefante ficou restrito ao uso militar apenas em trabalhos de carga e engenharia, sendo usado ainda hoje em alguns países orientais.
É notável como existe, guardadas as devidas proporções e contextos, uma forte semelhança entre os elefantes de guerra e os AT-ATs imperiais em Star Wars. Tal qual os gigantescos andadores, os elefantes serviam como excelente plataforma de artilharia, com tanque de guerra, e como transporte (apesar da limitação nítida para esta última função). Os elefantes e os AT-AT compartilham um mesmo efeito sobre os inimigos: a capacidade de desmoralizar as tropas inimigas, infligindo baixas consideráveis e causando medo e pânico entre as fileiras.
Saindo do passado distante e voltando para a Idade Contemporânea, temos uma categoria de armas de combate que mais se aproximam dos AT-ATs em funções e desempenho. Estamos falando dos Carros de Combate, ou mais popularmente chamados, Tanques de Guerra.
Os AT-ATs e os Tanques de Guerra compartilham cinco aspectos fundamentais, que os aproximam muito, embora um tanque não ande como um elefante:
1. Poder de Fogo;
2. Choque;
3. Mobilidade;
4. Proteção e;
5. Informação e Comunicação.
Os tanques e os andadores de Star Wars possuem estas características em comum, o que permite uma comparação mais adequada. Na função sistêmica Mobilidade, os tanques, em sua maioria, utilizam esteiras móveis como forma de locomoção.
Mas há ainda uma outra categoria de arma da qual o AT-AT se assemelha: os Veículos Blindados de Transporte de Pessoal, ou apenas VBTP. Estes são utilizados como transporte de tropas, feridos e equipamentos. São mais leves, possuem blindagem mais fraca e seu armamento é resumido a uma metralhadora de grosso calibre, ainda que em alguns casos, VBTPs possam ser equipados com lançadores de foguetes ou granadas, ou mesmo um canhão.
Ou seja, um AT-AT é a junção de um elefante com um tanque de guerra e um veículo blindado de transporte de pessoal. Desta forma, temos que pensar apenas nas funções, já que comparações específicas, ficaria difícil demais de se fazer. A verdade é que temos um leque enorme de possibilidades, e todas elas unidas se aproximam muito do AT-AT.
Quando pensamos no AT-AT como um centro de comando móvel e transporte de tropas, já que estas eram funções por ele desempenhadas, lembramos do americano IAV Stryker, um VBTP muito versátil e que tem por missão principal o transporte de infantaria em campo de batalha. Ele também serve como centro de comando avançado, devido ao seu sistema de comunicação, e assegura a defesa dos soldados transportados no desembarque, graças ao seu sistema de armas (metralhadoras 50mm ou lançador de granadas 40mm). Não foi feito para combater veículos com maior poder de fogo, mas sua mobilidade, velocidade e capacidade de adaptação de armas, podem lhe oferecer condições de neutralizar tanques. Próximo na função de informação, comunicação e transporte, temos a família MOWAG Piranha. O Brasil recentemente adquiriu o modelo IIIC que é um centro de comando móvel. Também podemos lembrar do VBTP-MR Guarani, o EE-11 Urutu, entre outros.
Da Old School dos VBTPs, podemos citar o britânico Mark IX Tank, de 1918, que era basicamente um tanque de guerra, adaptado para transporte de tropas. Foi classificado como Veículo Blindado Pesado de Combate de Infantaria. Foi o primeiro VBTP, e demonstrou-se ser muito bom. Na II Guerra Mundial temos Sd.Kfz. 251, que era um meia-lagarta ou "half-track", ou seja, usava rodas convencionais na dianteira e lagartas (esteiras móveis) na parte traseira, onde o peso era maior. Ele era famoso em sua época e ainda hoje, e era armado com metralhadoras MG 34 ou uma MG 42, ou ainda um canhão anti-blindagem PzB 41.
Agora, quando vamos para o quesito Proteção, Poder de Fogo e Mobilidade juntos logo pensamos nos tanques de guerra mais poderosos da atualidade. E um tanque em especial reúne todas estas características em uma equação equilibrada: o Leopard 2. Este tanque alemão é considerado o melhor tanque da atualidade. Desenvolvido na década de 1970, entrou em serviço no Exército Alemão em 1979. É o rival direto dos T-64 e T-72 russos, e possui vantagens notáveis: É um dos poucos que pode se mover sob a água, atinge uma velocidade de 72km/h, com autonomia de 550km. Seu canhão de 125mm é terrível e pode atingir alvos a 6,5km de distância. É suplementado com armamento secundário, duas metralhadoras MG3 de 7.62mm. Sua blindagem é a mais poderosa já criada para tanques de guerra, feita da 3ª Geração de aço-reforçado e tungstênio, e fibra plástica com cerâmica, capaz de suportar impactos de granadas RPG de ogiva dupla. Não é como o AT-AT, virtualmente impenetrável, mas é suficientemente forte para sobreviver a combates pesados por um bom tempo (além do que, qualquer parte danificada, pode ser facilmente substituída, pois o tanque inteiro modular. Semelhantes a ele, temos o T-90 russo, o Challenger 2 britânico, o americano M1 A2 Abrams e o israelense Merkava Mark 4.
Dos clássicos da Segunda Guerra Mundial, podemos citar o temível Panzerkampfwagen VI Tiger II, ou King Tiger, como também ficou conhecido pelos aliados. Foi o taque mais poderoso da guerra, sendo uma resposta ao aliados que já haviam superado o seu antecessor, o Tiger I. Os generais alemães queriam um tanque que superasse os tanques russo, que ameaçavam a supremacia alemã em carros de combate. O resultado foi o Tiger II. Com um canhão de 88mm, e uma metralhadora MG34 de 8mm, sua blindagem era fenomenal. Ele resistia impactos de média e longa distância de todo o arsenal aliado, e era imune qualquer arma anti-tanque. Seu reduzido número de unidades, seus constantes problemas mecânicos advindos do peso excessivo, e a falta de supremacia aérea fizeram com que o Tiger II não tivesse um impacto ao ponto de mudar o curso da guerra. Seu efeito psicológico, entretanto, foi significativo sobre as tropas aliadas, que sempre temiam confrontos com o Tiger II.
Mas ainda há dois veículos de combate que conservam alguma semelhança com o AT-AT, embora eu entenda que sejam apenas no design. O Marksman Anti-Aircraft System é um deles. O Marksman é, basicamente, uma bateria anti-aérea montada em um tanque de guerra. Mas sem ser reducionista e simples demais, este veículo é um poderoso sistema anti-aéreo auto-propelido (Self-propelled anti-aircraft gun - SPAAG), onde uma conhecida bateria suíça, a Oerlikon de 35mm, foi equipada com um radar Série 400 Marconi, montado em um chassi de um tanque russo T-55AM. O Marksman é muito parecido com o alemão Gepard Flakpanzer, que também é equipado com as mesmas armas do Marksman, mas sua munição pode variar entre anti-aérea e anti-tanque, ou seja, ele pode descer suas armas ao nível do solo e "detonar" com um inimigo terrestre.
A semelhança com o AT-AT está na disposição das armas. Cada canhão está disposto nas laterais da torre ou compartimento de combate, lembrando vagamente a disposição dos canhões do AT-AT no queixo. Um detalhe que pode ser mencionado, pois alguém pode argumentar que estes veículos tem pouco ou nada com o AT-AT por serem armas anti-aéreas. Devo dizer que, na batalha de Hoth, foram os AT-ATs que derrubaram os Snowspeeders rebeldes, demonstrando que, se o artilheiro for bastante competente, ele pode tornar o AT-AT em uma excelente arma anti-aérea.
Como podemos ver em nossa realidade, nada se compara a um AT-AT Walker, este andador que foi criado para muitas missões e múltiplas tarefas. Em nosso universo, nada é tão grandioso, versátil e agressivo como um AT-AT, sendo este uma composição de vários de nossos armamentos atuais. Em uma cômica hipótese, se o Império Galáctico invadisse o Sistema Solar e atacassem o planeta Terra, os nossos generais teriam que montar os dois canhões de um Leopard, mais dois canhões 35mm do Marksman em uma torre sobre um elefante, totalmente blindado com aço reforçado e tungstênio, placas de cerâmica e plástico, além de um compartimento de cargas e tropas como os de um Stryker, se desejassem imitar os poderosos invasores.
Seria mesmo engraçado!
Nota: Agradecimentos ao amigo Diogo Rocha, o Capt. Rocdi do Universo Star Wars, que me ajudou com sua sempre valiosa consultoria. Obrigado!
Embora, diante de tudo o que já escrevi na série Meios de Guerra, nada ainda tenha sido comparado a uma arma antiga, para tudo existe uma primeira vez. E ainda mais inusitado para os meus leitores é ver que um animal serviu de inspiração para a criação de um dos ícones de Star Wars. O primeiro paralelo com o AT-AT são os antigos Elefantes de Guerra.
Pela Força, Darth Metrius! Agora você forçou - diriam alguns. Na verdade eu não forcei absolutamente nada. Se observarmos bem, e relembrarmos como foi concebido a criação do AT-AT pelo pessoal de George Lucas e da ILM, vamos lembrar que o movimento do AT-AT foi criado com base no estudo da caminhada dos elefantes. Alguns elefantes foram observados para fins de captura de movimentos de grandes quadrúpedes, que se encaixavam com o perfil do AT-AT. Nesta fase, os elefantes eram os candidatos com a melhor silhueta para fazer isso.
Esta foi uma das primeiras referências para os AT-AT, que se observarmos bem, parecem muito com elefantes, quando notamos o seu caminhar. Mas como todo AT-AT, era para ser uma arma de guerra formidável, além de um veículo de transporte, somos obrigados a buscar algo semelhante na história militar mundial que se enquadrasse no perfil do AT-AT, e eis o que surge: o Elefante de Guerra.
Os Elefantes de Guerra eram armas, na história militar, que remontam à Antiguidade. Foram usados em várias batalhas até o século XVIII, onde se tem os últimos registros históricos destes animais em combate. As espécies que foram empregadas para uso militar foram o Elefante Indiano (ou asiático, Elephas Maximus) e duas subespécies já extintas, o Loxodonta Africana Pharaoensis, que habitava o Egito Antigo e a Núbia, e o Elephas Maximus Asurus, ou Elefante-Sírio, que foi extinto por volta de 100 a. C.
Estes animais eram treinados para não sentir medo de ruídos altos, e tinham suas presas afiadas. Eram armados com couraças e proteções nas patas para que se evitasse que fossem jarretados. Os exércitos indiano, persa e cartaginês fizeram bastante uso dos elefantes.
Antes dos gregos e macedônios conquistarem o Império Persa, nenhum europeu tinha visto um elefante até então (apenas os egípcios, líbios, indianos e seus respectivos vizinhos tinham conhecimento da existência do animal). Alexandre III, o Grande, foi o primeiro europeu a utilizar elefantes de guerra em campanhas militares, após vencer o rei Porus, o Raja de Paurava, na Batalha do Rio Hidaspes (326 a.C.).
A Batalha de Zama (202 a.C.): A figura retrata romanos fugindo dos elefantes cartagineses de Aníbal. |
Elefantes de Guerra eram armas sensacionais para sua época. Seu principal objetivo era atacar a infantaria inimiga, quebrando sua formação e pisoteando os soldados. Seu efeito psicológico sobre o moral das tropas era máximo. Os inimigos, apesar de se prepararem para combater os animais, sempre receavam ser pisoteados e esmagados como frutas, enquanto que o outro exército sentia seu vigor renovado, pois a presença dos elefantes causava euforia, como se as forças da natureza lutassem em seu favor. Alguns animais eram equipados com torres ou cestos nas costas, onde arqueiros podiam dispara contra seus alvos, lanceiros e soldados com alabardas também tinham uma posição privilegiada. Alguns comandantes também usavam o animal como transporte e arma, o que lhes dava uma visão privilegiada do campo de batalha. Há casos em que, em épocas mais recentes, torres foram equipadas com um canhão e um artilheiro, além de soldados com mosquetes e outras armas de fogo.
Elefante de Guerra com armadura |
É notável como existe, guardadas as devidas proporções e contextos, uma forte semelhança entre os elefantes de guerra e os AT-ATs imperiais em Star Wars. Tal qual os gigantescos andadores, os elefantes serviam como excelente plataforma de artilharia, com tanque de guerra, e como transporte (apesar da limitação nítida para esta última função). Os elefantes e os AT-AT compartilham um mesmo efeito sobre os inimigos: a capacidade de desmoralizar as tropas inimigas, infligindo baixas consideráveis e causando medo e pânico entre as fileiras.
Saindo do passado distante e voltando para a Idade Contemporânea, temos uma categoria de armas de combate que mais se aproximam dos AT-ATs em funções e desempenho. Estamos falando dos Carros de Combate, ou mais popularmente chamados, Tanques de Guerra.
Os AT-ATs e os Tanques de Guerra compartilham cinco aspectos fundamentais, que os aproximam muito, embora um tanque não ande como um elefante:
1. Poder de Fogo;
2. Choque;
3. Mobilidade;
4. Proteção e;
5. Informação e Comunicação.
Os tanques e os andadores de Star Wars possuem estas características em comum, o que permite uma comparação mais adequada. Na função sistêmica Mobilidade, os tanques, em sua maioria, utilizam esteiras móveis como forma de locomoção.
Mas há ainda uma outra categoria de arma da qual o AT-AT se assemelha: os Veículos Blindados de Transporte de Pessoal, ou apenas VBTP. Estes são utilizados como transporte de tropas, feridos e equipamentos. São mais leves, possuem blindagem mais fraca e seu armamento é resumido a uma metralhadora de grosso calibre, ainda que em alguns casos, VBTPs possam ser equipados com lançadores de foguetes ou granadas, ou mesmo um canhão.
Ou seja, um AT-AT é a junção de um elefante com um tanque de guerra e um veículo blindado de transporte de pessoal. Desta forma, temos que pensar apenas nas funções, já que comparações específicas, ficaria difícil demais de se fazer. A verdade é que temos um leque enorme de possibilidades, e todas elas unidas se aproximam muito do AT-AT.
Stryker |
Da Old School dos VBTPs, podemos citar o britânico Mark IX Tank, de 1918, que era basicamente um tanque de guerra, adaptado para transporte de tropas. Foi classificado como Veículo Blindado Pesado de Combate de Infantaria. Foi o primeiro VBTP, e demonstrou-se ser muito bom. Na II Guerra Mundial temos Sd.Kfz. 251, que era um meia-lagarta ou "half-track", ou seja, usava rodas convencionais na dianteira e lagartas (esteiras móveis) na parte traseira, onde o peso era maior. Ele era famoso em sua época e ainda hoje, e era armado com metralhadoras MG 34 ou uma MG 42, ou ainda um canhão anti-blindagem PzB 41.
Leopard 2 A4 |
Tiger II |
Mas ainda há dois veículos de combate que conservam alguma semelhança com o AT-AT, embora eu entenda que sejam apenas no design. O Marksman Anti-Aircraft System é um deles. O Marksman é, basicamente, uma bateria anti-aérea montada em um tanque de guerra. Mas sem ser reducionista e simples demais, este veículo é um poderoso sistema anti-aéreo auto-propelido (Self-propelled anti-aircraft gun - SPAAG), onde uma conhecida bateria suíça, a Oerlikon de 35mm, foi equipada com um radar Série 400 Marconi, montado em um chassi de um tanque russo T-55AM. O Marksman é muito parecido com o alemão Gepard Flakpanzer, que também é equipado com as mesmas armas do Marksman, mas sua munição pode variar entre anti-aérea e anti-tanque, ou seja, ele pode descer suas armas ao nível do solo e "detonar" com um inimigo terrestre.
Marksman |
Como podemos ver em nossa realidade, nada se compara a um AT-AT Walker, este andador que foi criado para muitas missões e múltiplas tarefas. Em nosso universo, nada é tão grandioso, versátil e agressivo como um AT-AT, sendo este uma composição de vários de nossos armamentos atuais. Em uma cômica hipótese, se o Império Galáctico invadisse o Sistema Solar e atacassem o planeta Terra, os nossos generais teriam que montar os dois canhões de um Leopard, mais dois canhões 35mm do Marksman em uma torre sobre um elefante, totalmente blindado com aço reforçado e tungstênio, placas de cerâmica e plástico, além de um compartimento de cargas e tropas como os de um Stryker, se desejassem imitar os poderosos invasores.
Seria mesmo engraçado!
Nota: Agradecimentos ao amigo Diogo Rocha, o Capt. Rocdi do Universo Star Wars, que me ajudou com sua sempre valiosa consultoria. Obrigado!
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